Alemanha: Corte do petróleo russo “traria desemprego e pobreza”
O ministro da Economia e Energia da Alemanha, Robert Habeck, pediu prudência aos políticos e alertou que “um boicote ao fornecimento de gás e petróleo russo” prejudicará muito a Alemanha, “trazendo desemprego em massa e pobreza ao país”.
“Se apertarmos um botão imediatamente, haverá escassez de oferta, até mesmo paradas de oferta na Alemanha”, disse o ministro, nesta segunda-feira (14), ao responder uma pergunta sobre a tentativa europeia para diversificar seus suprimentos de energia no médio prazo e ceder a Washington no sancionamento da Rússia.
“Com carvão, petróleo e até gás, estamos passo a passo no processo de nos tornarmos independentes”, comentou, concluindo que “não podemos fazer isso em um instante”.
Mesmo demonstrando querer muito atender à Casa Branca, confessou que “Isso é amargo, e moralmente não é uma coisa legal de se confessar, mas ainda não podemos fazer isso”, constatou.
A Rússia fornece cerca de 40% do gás consumido pela Europa. Cerca de 55% do gás natural, 52% do carvão e 34% do óleo mineral usado na Alemanha vêm da Rússia, configurando uma das economias europeias mais atreladas à matriz energética russa, segundo o portal The Guardian.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse no domingo (6) que os EUA e aliados estão vendo ativamente maneiras de proibir as importações de petróleo russo, o que segundo ele prejudicaria ainda mais a economia da Rússia, com sanções econômicas que a atingem de forma grave, tudo com o intuito de tentar forçar o governo Putin a se dobrar e recuar da decisão de impedir o cerco da Rússia pelas forças da Otan, ainda mais diante da possibilidade da entrada de armas nucleares em um país nazificado como tem se tornado a Ucrânia.
Habeck, que é membro do Partido Verde alemão, mostrou preocupação avaliando que “aspessoas não conseguirão aquecer suas casas, ou ficarão sem gasolina”, caso o país pare de usar petróleo e gás russos.
Demonstrando, no entanto, submissão a Washington nessa questão, assinalou que seu governo está trabalhando duro para garantir que a Alemanha esteja em posição de desistir do carvão russo até o verão e eliminar gradualmente o petróleo até o final do ano, mas que uma proibição de curto prazo do gás russo deixar o país muito exposto, se justificou.
Dependendo das previsões de vários institutos econômicos, uma parada imediata nas entregas de gás russo poderia reduzir o PIB da Alemanha em até 5,2%.
A rejeição do petróleo russo pretendida pelos Estados Unidos levará a consequências catastróficas, também alertou o vice-primeiro-ministro Aleksand Novak, em comunicado divulgado nesta segunda-feira (7).
O discurso sobre a proibição das exportações russas de hidrocarbonetos abala os alicerces do mercado, cria incerteza e causa danos significativos ao consumidor, alertou.
Sublinhando que a subida dos preçosque se verifica no mercado energético mundial não tem nada a ver com a política levada a cabo por Moscou, Novak afirmou que “o preço do barril pode chegar a US$ 300” (R$ 1.524), lembrando que a “Rússia fornece 40% do gás consumido na Europa e sempre foi um parceiro de confiança”.
Ele ainda lembrou que a Europa não conseguirá repor todo o volume de petróleo que importa da Rússia. “Vai demorar mais de um ano”, disse.
Na semana passada, a empresa russa Gazprom reafirmou que a rota de fornecimento de gás natural através da Ucrânia continua a operar sob os termos do acordo de trânsito existente.
“Nossa empresa continua e continuará a garantir o cumprimento de contratos de fornecimento de gás natural de longo prazo”, declarou a Gazprom.
O enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, reconheceu que a política de sanções que retirou empresas de petróleo e gás da Rússia “terá um impacto profundo no mercado mundial de energia”.