Manifestação no Rio de Janeiro em 1968 contra a ditadura militar

Passados 58 anos do início do período das trevas, e já no século XXI, a exaltação à tortura, mortes e volta da ditadura é sempre retomada pela família Bolsonaro em seus discursos

por Aladilce Souza*

No último dia 1º de abril lideranças políticas e de movimentos sociais ocuparam as ruas em todo o país para lembrar das atrocidades praticadas durante os 21 anos de chumbo do golpe militar, ocorrido no Brasil em 1964. Período em que os militares se instalaram no poder, fecharam o Congresso Nacional, cassaram mandatos de deputados federais, prefeitos e governadores, nomearam gestores biônicos (não eleitos pelo povo) e criaram leis sangrentas que deixaram marcas, sequelas, feridas e perdas inesquecíveis.

Não satisfeitos com a derrubada da democracia e a truculência imposta a todos os que se opusessem, após quatro anos no poder os golpistas instituíram o Ato Institucional 05, que nada mais era que a legalização para perseguir politicamente, torturar e matar opositores e adversários da “nova ordem”.

Entre as práticas adotadas pelos torturadores em diversas cidades do país, especialmente em São Paulo, nos porões escuros, frios e sombrios do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), estava o pau de arara (quando a pessoa é pendurada com mãos e braços amarrados a uma barra de ferro), choque elétrico, afogamento, agressões físicas, etc.

Documentos apontam que entre 1964 e 1968 foram torturadas e mortas 34 pessoas contrárias ao regime militar. Em seu relatório final, a Comissão Nacional da Verdade aponta que houve 434 mortes e desaparecimentos políticos entre 1964 e 1988, dos quais a maioria ocorreu no período do regime (1964/1985).

O líder comunista pernambucano Gregório Bezerra foi a primeira vítima fatal de um sistema violento e sanguinário que ainda obrigou muitos intelectuais, estudantes, artistas, jornalistas e lideranças do movimento sindical a fugirem do país para preservar suas vidas. Nosso partido, o PCdoB, assim como diversas siglas de esquerda, foram obrigados a permanecer na ilegalidade.

O mais famoso e cruel torturador do período, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, carrega a culpa pela maioria das mortes e as mais brutais formas de torturas e repressão política. Ele foi o responsável pela tortura contra a ex-presidenta Dilma Rousseff e é considerado ídolo e herói pela família Bolsonaro, que sempre que podem exaltam seus feitos e sua atuação e práticas cruéis. Ustra ficou nacionalmente conhecido durante o discurso do então deputado federal Jair Bolsonaro no seu fatídico voto a favor do impeachment.

Passados 58 anos do início do período das trevas, e já no século XXI, a exaltação à tortura, mortes e volta da ditadura é sempre retomada pela família Bolsonaro em seus discursos. Situação que nós, brasileiras e brasileiros que defendemos um Brasil democrático, com instituições autônomas e independentes, próspero, igualitário e soberano, jamais vamos permitir a volta de um período de retrocesso, dor e sofrimento.

Ditadura nunca mais!

#ForaBolsonaro

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*Enfermeira, servidora pública do Estado da Bahia; professora Universidade Federal da Bahia (UFBA), exerceu quatro mandatos como vereadora e é presidente do PCdoB de Salvador.


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