O presidente da Sinopharm, Liu Jingzhen, com Sabino Narvaja, embaixador argentino na China

O novo embaixador argentino na China, Sabino Narvaja, destacou que o gigante asiático “foi chave para que o nosso sistema sanitário não entrasse em colapso” e continua sendo essencial na luta contra a pandemia do coronavírus, com seu país sendo abastecido permanentemente por materiais essenciais.

“No início, a segurança dos nossos médicos foi fundamental e pudemos trazer trajes de biossegurança, máscaras e respiradores especiais, PCRs (para detecção de DNA) e máquinas para produzir máscaras. Foram 40 voos sanitários”, sublinhou Vaca Narvaja, em entrevista ao Página12.

De acordo com o embaixador, uma vez que a Argentina tenha sido abastecida com essa base material, “fomos capazes de avançar em nossos próprios empreendimentos”. “A maior parte dos insumos iniciais veio da China, porque havia um gargalo, assim como acontece agora com as vacinas, e a China era o único país com capacidade de produção suficiente. Com o colapso da saúde, houve países que tiveram que escolher se uma pessoa na casa dos 70 ou 50 anos viveria. Isso na Argentina não aconteceu. Por outro lado, a Argentina foi o berço de um ensaio clínico de fase três com duas vacinas chinesas”, explicou.

Comemorando o convênio para a provisão de um milhão de doses de Sinopharm, “a vacina mais provada do mundo”, Vaca Narvaja disse que já foram imunizados cerca de 50 milhões de chineses, dos quais 80% pela Sinopharm. “A partir do mês que vem, vamos nos surpreender com a quantidade de vacinas que a China vai enviar ao mundo”, destacou.

No ano passado a China foi por quatro meses a principal parceira comercial da Argentina e é também o principal investidor e o principal financiador no país. Do volume de obras de infraestrutura planificados pelo país asiático para a América latina, a Argentina responde por 40% com projetos de ferrovias, pontes, geração de energia, linhas de transmissão elétrica, o corredor bioceânico, entre outros. “O atual governo argentino se propõe a utilização dessa infraestrutura do ponto de vista federal para alavancar o desenvolvimento das economias regionais”, acrescentou.

Vaca Narvaja, que vinha atuando como representante especial para a Promoção de Comércio e de Investimentos na sede diplomática, recordou que desde a chegada de Xi Jinping à presidência da China, em 2013, o país vem rompendo sucessivos recordes no campo da investigação e da ciência. “Concretamente, há dois anos a China ultrapassou os Estados Unidos na apresentação de patentes tecnológicas. O lema da atual etapa é ‘passar de feito na China para criado na China’. O eixo já é a inovação tecnológica e o país já é vanguarda em inteligência artificial, no campo aeroespacial, energias renováveis, telecomunicações e eletromobilidade”, explicou o embaixador.

Autor de um programa de cooperação e articulação sino-argentino, dependente do Departamento de Planejamento e Políticas Públicas da Universidade de Lanús, Sabino publicou dois livros sobre a potência asiática: Por que a China? Opiniões sobre a Abrangente Associação Estratégica e China, América Latina e a geopolítica da nova rota da seda. É filho de Fernando Vaca Narvaja um dos comandantes da organização guerrilheira Montoneros, que combateu a ditadura militar argentina na década de 70.