A senadora Juíza Selma Arruda denunciou ameaças de Flávio Bolsonaro (foto: divulgação)

A senadora Juíza Selma Arruda (PSL-MT), que foi agredida pelo senador Flávio Bolsonaro, anunciou que vai deixar o partido do governo. É o segundo parlamentar em duas semanas a deixar o PSL. O deputado Alexandre Frota saiu e foi para o PSDB. Ela informou que deverá se filiar ao Podemos.
A ex-juíza disse que bateu o telefone na cara do filho do presidente quando ele gritou com ela. A senadora do Mato Grosso vinha fazendo críticas ao PSL. Em entrevista à Folha de S. Paulo, afirmou que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) gritou com ela pedindo para que não assinasse o pedido de criação da CPI da Lava Toga.
Flávio Bolsonaro não quer a CPI porque foi beneficiado por uma decisão de Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Toffoli decidiu interromper as investigações de lavagem de dinheiro operada de dentro do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio por seu motorista, Fabrício Queiroz.
Dias determinou que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) não poderia repassar para as autoridades as irregularidades encontradas nas contas criminosas, sem autorização judicial. A decisão é liminar e deverá ser apreciada pelo pleno do STF Mas, de qualquer maneira, ela beneficiou diretamente o filho de Bolsonaro, que foi quem pediu a suspensão das investigações.
O Coaf havia detectado uma movimentação suspeita de R$ 7 milhões nas contas de Fabrício Queiroz entre 2014 e 2017, sem que seus rendimentos pudessem justificar esses gastos. Posteriormente o MP descobriu que foram feitos depósitos suspeitos também na conta do então deputado Fávio Bolsonaro. Além disso, foram detectadas ligações do gabinete do parlamentar com integrantes das milícias do Rio. O MP suspeitou que o gabinete estava lavando dinheiro da milícia.
Adriano Nóbrega, miliciano, assassino profissional, integrante do Escritório do Crime, espécie de central de assassinatos das milicias, tinha sua mulher, Danielle Nóbrega, e sua mãe, Raimunda Veras Magalhães, empregadas no gabinete de Flávio Bolsonaro. O miliciano chegou a ser homenageado pelo deputado com a Medalha Tiradentes, a maior honraria do Rio de Janeiro, e recebeu a medalha quando estava preso acusado de assassinato.
Ela está ameaçada de perder o mandato, acusada de Caixa 2 durante a campanha de 2018. Em abril, o TRE-MT (Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso) cassou o mandato da senadora Selma Arruda (PSL) por unanimidade. De acordo com o TRE-MT, Selma omitiu à Justiça Eleitoral gastos de R$ 1,23 milhão na campanha eleitoral do ano anterior.