Porta-voz da Casa Branca apenas admitiu que maus-tratos aos haitianos não são “aceitáveis”

A foto de um migrante haitiano sendo chicoteado por um agente de segurança dos Estados Unidos, montado em seu cavalo, expôs de forma categórica até onde chegou a política de preconceito, racismo e xenofobia. Outra imagem, de outro policial, mostra as rédeas estampadas de maneira ameaçadora contra um grupo de haitianos que atravessava o Rio Bravo, rumo à cidade de Del Rio, no Texas.

Diante da repercussão das fotografias – que falam mais do que mil palavras, como já se disse – a Casa Branca soltou lágrimas de crocodilos e disse que é “horrível” tamanha repressão aos haitianos que cruzam ilegalmente a fronteira do México com os EUA nos últimos dias. “Não creio que alguém que tenha visto essas imagens ache isso aceitável ou apropriado”, declarou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

O mesmo cinismo está contido no comunicado do democrata Bennie Thompson, presidente do comitê de Segurança Nacional da Câmara de Representantes: “os maus-tratos a migrantes haitianos na fronteira são horríveis e muito preocupantes”.

“O governo Biden reitera que nossas fronteiras não estão abertas e que as pessoas não devem fazer a jornada perigosa”, reforçou o Departamento de Segurança Nacional (DHS, na sigla em inglês), por meio de um comunicado em que o país anuncia irá “acelerar o ritmo e aumentar a capacidade de voos de deportação para o Haiti e outros destinos no hemisfério nas próximas 72 horas”.

Segundo o encarregado da imigração para os Estados Unidos, o Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras e a Guarda Costeira têm acompanhado de perto o translado dos acampadas em Del Rio para outros pontos de entrada no país, como Eagle Pass, a cerca de 100 quilômetros de distância.

Somente na sexta-feira, de acordo com o próprio DHS, foram transferidos dois mil migrantes. Com essas medidas, o governo Biden tem reprimido a chegada em massa de cidadãos haitianos – que fogem da fome e da pandemia – rumo aos EUA.

Cerca de 13 mil imigrantes irregulares, principalmente haitianos, se encontram detidos pelas autoridades de imigração estadunidenses em um acampamento improvisado sob a ponte internacional que liga Del Rio a Ciudad Acuña (México). Ao mesmo tempo em que eles entram no país desde a última terça-feira (14), as autoridades de imigração ampliam o campo de concentração e a expulsão em massa.

Conforme os números oficiais, mais de 400 agentes e funcionários foram enviados nas últimas horas a Del Rio, onde os indocumentados estão dormindo na rua e necessitam de serviços básicos, o que agrava as condições de emergência humanitária na fronteira sul.