Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

Seria inacreditável se outro fosse o presidente.

Por Adilson Araújo*

O número oficial de mortes por covid-19 em nosso país já terá ultrapassado 470.000 até o próximo domingo. Ignorando a tragédia, Jair Bolsonaro promoveu na terça-feira (1º/6) mais um de seus lastimáveis colóquios com uma pequena plateia de fanáticos reunida no Jardim do Palácio do Planalto, no qual afirmou que o “Brasil está indo muito bem”.

O Mito da extrema direita temperou a frase com um sorriso cínico nos lábios, num gesto de deboche diante do sofrimento de milhões de brasileiros e brasileiras, que padecem não só os efeitos da pandemia mas igualmente da funesta política econômica. Ele comemorou o tímido avanço do PIB no primeiro trimestre do ano, mas deixou de mencionar que no mesmo período a taxa de desemprego bateu novo recorde, chegando a 14,7%.

A população fora da força de trabalho somou 76,5 milhões e o número de trabalhadores e trabalhadoras subutilizadas ascendeu a 33,2 milhões.

Diante da tragédia sanitária e de um cenário econômico e social tão degradado como se pode falar que o país “está indo bem”?

É mais um sinal de que Bolsonaro e seus seguidores vivem uma realidade paralela, completamente divorciada dos fatos. Se fosse um cidadão qualquer, destituído de funções públicas, isto não causaria maiores males. Mas, para desgraça nacional, o homem ocupa a Presidência.

Na mesma ocasião, para encobrir crimes e fugir à responsabilidade, ele voltou a ofender o pacto federativo, atacando governadores e prefeitos que adotaram medidas de isolamento social para deter o avanço da Covid e enfrentar o colapso do sistema público e privado de saúde.

“Lamentamos as mortes, mas, apesar de tudo, o Brasil está indo bem. Graças ao governo federal, porque, se dependesse de muitos governadores e prefeitos, todo mundo estaria em casa, todo o comércio fechado, milhões de empregos destruídos”, afirmou Bolsonaro.

É o inverso da verdade. Não fossem as medidas de isolamento, que pecaram apenas pela timidez, o número de mortes e pessoas infectadas pelo vírus seria ainda maior. O presidente, como Pazuello e outros em seu entorno, é um mentiroso contumaz.

As vigorosas manifestações do dia 29 de maio refletiram o elevado grau de insatisfação da sociedade, também atestadas pelas pesquisas, e entoaram em alto e bom som o grito “Fora Bolsonaro”, que traduz o anseio do povo brasileiro neste momento.

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*Presidente da CTB e membro do Comitê Central do PCdoB.

 

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