Em mais um ato de censura do governo Bolsonaro, o radialista foi demitido da Rádio Nacional por não concordar com a proibição da entrada dos artistas que iam à rádio pública para divulgar seu trabalho. Segundo a direção da EBC, seu programa “colocava sambistas demais” na sede da emissora.
Adelzon, que tem 80 anos, foi comunicado de sua demissão no estúdio instantes antes do início do programa que apresentava “Amigo da Madrugada”, baluarte do samba que é responsável pela divulgação de artistas consagrados e novos talentos da música brasileira.
A demissão de Adelzon causou repúdio de dezenas de artistas. Muitos deles participaram do ato de segunda-feira:
O artista Paulo Neto destacou que Adelzon Alves, “em sua integridade, prezou pela divulgação da cultura brasileira, nos últimos anos trabalhando na madrugada, retribuindo o dinheiro pago pelo contribuinte”.
Segundo ele, o radialista foi demitido por gente que desconhece “a importância de Adelzon para a cultura popular porque estão ocupados em manter os seus próprios afinados com a orquestra de quem está regendo o coro”.
Paulo lembra ainda que, como disse Adelzon, “a Rádio Nacional é do povo”.
O Sindicato dos Músicos do Estado do Rio de Janeiro (SindMusi-RJ), emitiu uma nota de repúdio à descabida demissão do radialista e produtor musical. “A demissão de Adelzon representa mais um golpe contra a cultura brasileira, em particular a música, fechando um importante canal de divulgação do trabalho de sambistas, tanto compositores como intérpretes”, pontua a entidade.
Maurício Pereira lamentou a demissão do radialista no Twitter: “Adelzon Alves foi sumariamente demitido da Rádio Nacional pelo simples motivo de se negar a se submeter a proibir a entrada dos artistas no seu programa, que transmitido ao vivo. Esta posição de respeito pelos artistas e pela Legalidade, custou-lhe o emprego”.
“Adelzon Alves é a grande resistência daquilo que há de mais autêntico na Cultura musical do nosso país. Em seu programa recebe todos os artistas, famosos ou não, com o mesmo respeito e atenção. Foi um fio condutor da carreira da maioria das atuais grandes Estrelas do Samba”, continuou.
“29 anos na Rádio Globo e agora, mais de 19 anos na Rádio Nacional do Rio de Janeiro – o grande defensor da música popular brasileira – entre outros lançou e produziu Clara Nunes, Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Alcione e outros – O seu programa de rádio é a maior porta de entrada da música popular. O compositor, cantor e artista brasileiro, em geral – das comunidades de periferia, dos morros e do interior do Brasil – perdem uma oportunidade ímpar de mostrar seu trabalho artístico para a nação. ADELZON ALVES, O AMIGO DA MADRUGADA, tem que voltar”, afirmou a sambista Teresa Cristina.