A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede os investimentos em máquinas,
equipamentos e construção civil, recuou de 3,9% em 2018 para 2,2% em 2019. No quarto
trimestre, em relação ao trimestre anterior a queda foi de 3,3%.
Os investimentos em máquinas e equipamentos basicamente não cresceram em 2019, alta de

0,9% frente ao ano anterior; além disto, o desempenho da Indústria de Transformação no ano
passado figurou próximo do zero, 0,1% no acumulado do ano. Esses números demonstram que
o Brasil não sairá do atoleiro se não for empurrado pelo investimento público e outras
medidas que alavanquem o mercado interno.
“Se não tem investimento público, a roda não gira”, declarou o diretor de Economia da
Associação Brasileira da Infraestrutura e das Indústrias de Base (Abdib), Igor Rocha, sobre o
resultado do PIB.
A formação bruta de capital fixo está 27,8% abaixo do seu ponto mais alto, visto no segundo
trimestre de 2013, e em igual nível do primeiro semestre de 2008. Com a agenda liberal,
iniciada no governo Dilma, seguida por Temer, e que está sendo aprofundada no governo
Bolsonaro, o investimento público basicamente deixou de existir.
O país acumula um crescimento médio de 0,7% ao ano desde 2011, e com isto, a economia
brasileira deverá encerrar a década com o pior desempenho já registrado em 120 anos,
segundo um estudo do economista Marcel Balassiano, pesquisador do Instituto Brasileiro de
Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
De acordo com Balasiano, “para fugir dessa marca, o país tem de conseguir algo bastante raro
na sua história: um avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 10% em 2020”, o que “é
bastante improvável, para não dizer impossível”.
No entanto, o governo Bolsonaro se demostra completamente despreocupado com o
desempenho econômico brasileiro. Logo depois de o IBGE ter divulgado que a economia
brasileira em 2019 cresceu apenas 1,1%, em relação ao ano anterior, o Ministério da Economia
soltou uma nota comemorando a redução do investimento público na economia do País. O
consumo governamental encolheu 0,4% ante 2018.
Paulo Guedes chegou a dizer que o resultado do PIB de apenas 1,1% “está dentro do previsto”,
quando no início de 2019 prometeu uma economia crescendo em 2,5%.
“Enquanto em 2018, o investimento público cresceu acima de 9%, houve retração superior a
5% no ano passado, indicando que o PIB público caiu mais de 1%, contrapondo a expansão de
0,9% em 2018. Outros indicadores confirmam a consolidação fiscal. O estoque total de
funcionários públicos, estatutários federais e regidos pela CLT, diminuiu mais de 31 mil em
2019. Essa é a maior retração da força de trabalho do governo em mais de duas décadas”,
comemorou, em nota, o arrocho promovido em sua gestão.
Em resposta a está insanidade, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, rebateu afirmando que
o fraco desempenho do PIB de 2019 aponta para a necessidade da participação do Estado no
crescimento e no desenvolvimento do país.
“Um dos números mostra uma queda do volume de investimento público, uma queda dos
serviços na área pública, o que prova que a aplicação do Orçamento, os investimentos públicos
são muito importantes também para ajudar o crescimento econômico”, declarou Maia,
frisando ainda que o investimento do governo é importante porque “o setor privado sozinho
não vai resolver os problemas. Então acho que a grande mensagem do PIB que saiu hoje é
exatamente que a participação do Estado também será sempre importante para que o Brasil
possa crescer e se desenvolver”.
“Empresa nenhuma entra em chão de terra”, disse o dirigente da Abdib à colunista Lu Aiko
Otta do Valor Econômico. Igor Rocha defende que os recursos arrecadados com outorgas nas
concessões de rodovias sejam integralmente destinados aos investimentos públicos. Segundo

ele, 86% das rodovias no Brasil não são pavimentadas.
O dinheiro arrecadado nas outorgas e nas privatizações promovidas pelo governo Bolsonaro é
desviado em grande parte para o pagamento da dívida pública, dinheiro público entregue a
bancos e demais rentistas.