Adalberto Monteiro: Frente ampla novamente se impõe como necessidade
O ano novo começa com uma batalha de grande importância para a democracia e a vida do povo: a eleição para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. As oposições, em conjunto com um amplo leque de partidos e lideranças, estão desafiadas a vencer essa disputa, derrotando a tentativa de Bolsonaro de, na prática, controlar o Poder Legislativo.
Por Adalberto Monteiro*
Bolsonaro é movido por uma verdadeira obsessão de corroer progressivamente o regime democrático e impor um regime autoritário-policial, atacando a liberdade de imprensa, criminalizando os movimentos do povo, cerceando as prerrogativas de outros Poderes e manipulando instituições do Estado.
O parlamento brasileiro, em especial a Câmara dos Deputados, no ano que passou foi decisivo para repelir as investidas golpistas de Bolsonaro. A partir de ações de frente ampla, foi igualmente determinante para se contrapor à conduta irresponsável e criminosa do presidente da República em relação à pandemia.
Foi pela Câmara dos Deputados que o povo brasileiro conquistou o auxílio emergencial, estados e municípios receberam ajuda, empresas, trabalhadores e profissionais da cultura obtiveram socorro. Em todas essas conquistas, os partidos de oposição contribuíram de forma destacada.
A bancada do PCdoB, sob a liderança da deputada federal Perpétua Almeida (AC) e orientada pela tática de frente ampla da legenda comunista, esteve no epicentro dos confrontos que resultaram em vitórias parciais. Acontece que as vitórias, mesmo que limitadas, em períodos de defensiva quando impera o neofascismo são esplêndidos êxitos.
Bolsonaro, então, desencadeou uma verdadeira guerra política, na qual usa todo peso do governo federal para tentar fazer da Câmara dos Deputados uma espécie de anexo do Palácio do Planalto. Como assim, salientou, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). Trata-se de uma grave ameaça, que se for efetivada resultará num sério revés à resistência democrática.
Diante disso, a esquerda inteira, à exceção do PSOL, fez o que a exigência da luta de classes esperava dela. Com base em compromissos programáticos, focados na defesa da democracia, da vida e dos direitos do povo, na independência do Poder Legislativo, declararam apoio à candidatura do deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara dos Deputados.
Essa decisão desencadeia um novo movimento de frente ampla que pode resultar na derrota de Bolsonaro e de seu candidato deputado Arthur Lira. Em 2019 o PCdoB anunciou seu voto no deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados. Foi também uma aliança pontual, com bases em compromissos programáticos. Pagou um preço alto por isso. Foi duramente atacado por lideranças ditas de esquerda com a cumplicidade da extrema-direita. Mas, a dura didática da vida, a força dos fatos, demonstraram o quanto a tática do PCdoB de frente ampla foi e é correta.
*Adalberto Monteiro, poeta, jornalista e secretário nacional de Comunicação do PCdoB
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(PL)