Acusados de tramar golpe contra o governo são detidos na Bielorrússia
A Bielorrússia anunciou em comunicado no sábado (17) que, em ação conjunta com Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), deteve dois indivíduos por conspirarem para executar um golpe armado contra o presidente Aleksandr Lukashenko, o que incluiria o seu assassinato em pleno desfile do 9 de Maio, dia da Vitória sobre o nazifascismo.
“O FSB, em cooperação com o Comitê de Segurança do Estado da Bielorrússia, conduziu uma operação para impedir atividades ilegais de Yuri Leonidovich Zyankovich, cidadão bielorrusso e norte-americano, e Aleksandr Iosifovich Feduty, que planejavam um golpe armado na Bielorrússia”, diz o comunicado.
Segundo o FSB, os detidos pretendiam encenar uma “revolução colorida” – do mesmo tipo visto em outras ex-repúblicas soviéticas – com a ajuda de extremistas bielorrussos e ucranianos, e assassinar Lukashenko.
Zyankovich viajou aos Estados Unidos e à Polônia para receber orientações e mais tarde se reuniu em um restaurante em Moscou com supostos generais bielorrussos. O plano incluía tomar o controle da televisão e do rádio da Bielorrússia e derrubar a rede elétrica para impedir a comunicação de unidades e tropas especiais da polícia.
O presidente bielorrusso Lukashenko repercutiu a prisão dos golpistas durante transmissão da emissora local ONT e denunciou vínculos do grupo com serviços secretos estrangeiros.
“Detivemos um grupo de pessoas e eles mostraram como estava tudo planejado […], então descobrimos claramente o trabalho de serviços especiais estrangeiros, muito provavelmente a CIA, o FBI. Não sei quem dos norte-americanos trabalhou lá. Nós descobrimos a intenção do grupo de vir a Minsk e começar a organizar uma tentativa de assassinato contra presidente e as crianças no local”, disse o presidente bielorrusso.
A ONT exibiu gravações de reuniões de Zoom entre os acusados. Em uma delas, Feduta menciona a morte do presidente egípcio Anwar Sadat como um evento que levou a uma “rotação bem-sucedida” da liderança nacional. Sadat foi assassinado durante uma parada militar em 1981 por membros islâmicos das forças armadas egípcias, insatisfeitos com sua reaproximação com Israel.
No domingo, porta-voz do Departamento de Estado classificou as como “absolutamente falsas” as alegações de dedo de Washington na conspiração frustrada para depor e matar o presidente bielorrusso. Só faltou jurar que os EUA jamais cometeram esse tipo de crime.
O porta-voz reclamou, ainda, da “falta de cortesia” de Minsk, apesar de reconhecer não ser uma “obrigação legal”, sob a Convenção de Viena, quanto a manter Washington informado sobre o bielorrusso portador de dupla cidadania norte-americana preso.