Fernández e Xi no Grande Salão do Povo em Pequim. Com o acordo, Argentina adere ao projeto Nova Rota da Seda.

Os presidentes da China, Xi Jinping e da Argentina, Alberto Fernández, se reuniram em Pequim, no domingo (6), firmando a incorporação do país latino-americano à Nova Rota da Seda, iniciativa da China para estimular o fluxo de comércio e de investimentos com dezenas de países.

“Com esta decisão estratégica, o governo nacional vai iniciar diferentes acordos que garantam o financiamento para investimentos e obras por mais de US$ 23,7 bilhões [R$ 126,2 bilhões], criando um novo marco na relação bilateral, que foi ampliada nos últimos 15 anos e se fortaleceu notavelmente”, afirmou Fernández.

O financiamento será recebido em duas áreas: uma já aprovada no valor de US$ 14 bilhões (R$ 74,6 bilhões) sob o mecanismo do Diálogo Estratégico para a Cooperação e Coordenação Econômica; e o outro de aproximadamente US$ 9,7 bilhões (R$ 51,6 bilhões) que o país apresentará no Grupo de Trabalho Ad Hoc, criado pelos dois países para acompanhar a colaboração.

O presidente chinês, Xi Jinping, ressaltou que a China está disposta a avançar no intercâmbio e cooperação em vários campos e inaugurar muitos mais acordos sob a parceria estratégica abrangente com a Argentina.

Este ano marca o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e a Argentina, lembrou Xi, saudando o entendimento e o apoio mútuos ao longo do último meio século.

“Diante da pandemia da COVID-19, os dois lados se uniram e ajudaram um ao outro, dando um bom exemplo de solidariedade e cooperação entre as economias emergentes”, frisou Xi, garantindo que a China está disposta a compartilhar as oportunidades de desenvolvimento com a Argentina e ajudar o país a aumentar as exportações e promover a modernização industrial.

A China está pronta para trabalhar em estreita colaboração com a Argentina nos quadros das Nações Unidas e do G20 para praticar o verdadeiro multilateralismo, melhorar a governança global e avançar conjuntamente na Iniciativa de Desenvolvimento Global, assinalou Xi.

Concretamente, China e Argentina firmaram um plano de ação para a cooperação agrícola no período 2022-2027 e destacaram a “cooperação estratégica no âmbito dos usos pacíficos da energia nuclear”. Os países recentemente firmaram um contrato para a construção da quarta central nuclear do país sul-americano, Atucha 3.

Apontando as grandes conquistas na cooperação bilateral, Fernández expressou gratidão à China por fornecer uma grande quantidade de suprimentos médicos e vacinas no momento crítico da luta do país contra a COVID-19, e expressou a esperança de continuar a fortalecer a cooperação com a China em produção de vacinas e produtos farmacêuticos.

Buenos Aires também planeja apresentar um conjunto de obras de infraestrutura relevantes para o setor energético, a rede de água e esgotos, transporte e construção de moradias no Grupo de Trabalho Ad Hoc, que se reunirá em Pequim.

Malvinas são argentinas e a china é uma só

Assim, a Argentina se junta às 140 nações que já fazem parte da Nova Rota da Seda, projeto chinês que tem como objetivo impulsionar a cooperação e a conectividade entre os diferentes países através de dois componentes principais: um de caráter terrestre, a chamada Faixa Econômica da Rota da Seda; e outro transoceânico, denominado Rota Marítima da Seda.

Durante o encontro a China também manifestou apoio à exigência de soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas, o que levou a uma imediata reação do governo britânico, que em desrespeito à soberania Argetnina ultrajada nas proximidades de sua costa marítima, declarou que é a China que deveria “respeito à soberania das Falklands”.

Já a Argentina manifestou sua adesão ao princípio “Uma só China”, defendido por Pequim e que implica que a ilha de Taiwan não é um país independente, mas parte do grande país oriental.