O líder da bancada do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE)

O líder da bancada do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), criticou o veto de Bolsonaro de R$ 200 milhões para financiar o desenvolvimento da vacina “100% brasileira” contra a Covid-19 anunciada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

“Absurdo! O presidente Jair Bolsonaro vetou R$ 200 milhões para o desenvolvimento da vacina contra Covid-19 “100% brasileira” anunciada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A verba permitiria a produção nacional rápida e com logística melhor para imunizar a população”, afirmou Renildo.

O governo Bolsonaro fez um alarde ao divulgar que a vacina brasileira apoiada pelo governo federal, desenvolvida por cientistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), estava avançando.

O anúncio do governo federal, feito através do ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, foi feito às pressas, horas depois do governo de São Paulo informar que pediria aval para iniciar testes clínicos da vacina Butanvac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, do Estado de São Paulo.

Na quinta-feira (22), o ministro Marcos Pontes participou da live semanal de Bolsonaro para falar sobre o imunizante.

“Marcão, vamos lá. Como é que ‘tá’ a nossa vacina brasileira? Essa é 100% brasileira, não é aquela ‘mandrake’ de São Paulo, não né”, perguntou Bolsonaro a Pontes, durante transmissão na internet, debochando da ButanVac.

Em resposta, Marcos Pontes mostrou preocupação com a manutenção dos recursos no Orçamento. Estavam reservados R$ 207,2 milhões para o projeto dos quais R$ 200 milhões haviam sido injetados por meio de emenda do relator, senador Marcio Bittar (MDB-AC).

“O nosso desafio aqui é justamente o Orçamento. Esse custo é um investimento muito bom para o País. São R$ 30 milhões para essa fase 1 e 2, um ensaio clínico com 360 pacientes, e depois são mais R$ 310 milhões com a fase 3, com 25 mil pacientes. Tenho a esperança agora que isso entre no Orçamento”, disse o ministro na live. As fases 1, 2 e 3 envolvem testes em humanos, para avaliar a segurança e a eficácia do produto contra o vírus.

Não adiantaram os apelos de Pontes e no dia seguinte Bolsonaro sancionou o Orçamento com veto aos recursos da vacina.

Na live, Bolsonaro falou sobre o Orçamento e não disse nada sobre o veto. Disse apenas que “todo mundo” iria pagar a conta. “A peça orçamentária para os 23 ministérios é bastante pequena e é reduzida ano após ano. Tivemos um problema no Orçamento no corrente ano, então tem um corte previsto bastante grande no meu entender, pelo tamanho do orçamento, para todos os ministérios. Todo mundo vai pagar um pouco a conta disso aí”, declarou Bolsonaro.

A vacina só estaria disponível no ano que vem, mas a verba iria permitir a criação de uma futura vacina, domínio da tecnologia para as variantes brasileiras do vírus e a produção nacional rápida e com logística melhor para imunizar a população.

A presidente da Farmacore, empresa de biotecnologia que desenvolveu o imunizante em parceria com a USP de Ribeirão Preto, Helena Faccioli, ouvida pelo Estadão em março, destacou a necessidade de 9 a 12 meses para os testes clínicos. Naquela época, ela

também disse ter recebido do Ministério da Ciência garantia de que teria recursos federais para as fases 1 e 2 dos testes.

Renildo Calheiros também criticou Bolsonaro por cortar verba para o IBGE e inviabilizar o Censo de 2021.

“A desinformação é marca do governo Bolsonaro, mas é inacreditável que o presidente sancione o orçamento com corte de verbas para o IBGE, inviabilizando o Censo 2021. O país estará às cegas na definição de políticas sociais. Haverá perda de eficiência na distribuição dos recursos”, observou o líder do PCdoB.