No próximo sábado, dia 14 de março, será iniciada em São Paulo a segunda edição da Mostra
Democrática Cinema com Partido. A abertura da programação de 2020 se dará com o filme “A
vida de Galileu” (1975), do diretor norte-americano Joseph Losey.
As observações astronômicas de Galileu, utilizando o recém-inventado telescópio, reforçaram
a teoria de Copérnico de que a Terra gira em torno do Sol – e não o oposto, como queria a
Igreja. Em 1616 a Inquisição começa a julgar o cientista por “prejudicar a Fé Sagrada ao tomar
a Sagrada Escritura como falsa”.
O filme adapta peça de Bertolt Brecht, que Joseph Losey dirigiu na Broadway, em 1947, com
Charles Laughton no papel de Galileu.
Perserguido pelo macarthismo, o diretor teve nas principais influências de seu trabalho Bertolt
Brecht e Harold Pinter. Em 1935, ele frequentou aulas do diretor soviético Sergei Eisenstein,
em Moscou, onde também conhecera Brecht.
A carreira de Losey foi bruscamente atacada, no início da década de 1950 pela ação do
macarthismo, que incluiu o seu nome na famigerada lista negra de Hollywood. Impedido de
trabalhar, em 1951 ele se mudou para Inglaterra onde seguiu sua carreira como diretor de
cinema.

Segundo o presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas, Lucas Chen, a Mostra
Democrática Cinema com Partido se mostrou um instrumento fundamental no embate frente
aos ataques de Bolsonaro contra a Cultura e a Educação. “Em tempos de perseguição ao
conhecimento e às liberdades, podermos contar com um instrumento como este para
aprofundarmos nossos conhecimentos é indispensável”, destacou Chen.
O líder estudantil reforça como a Mostra se tornou referência na formação dos jovens
secundaristas de São Paulo. “Os debates que realizamos junto aos filmes, que não teríamos
acesso se não fosse a Mostra, nos ajudam engrandecer, a nos tornar cidadãos mais
conscientes do nosso papel na sociedade”, disse.
CINEMA COM PARTIDO
Neste ano, a Mostra Democrática apresentará 37 filmes de 15 cinematografias e diferentes
períodos. Abordando os temas centrais que permeiam a luta política no nosso país. A Cinema
com Partido oferece ao público um espaço de debate, reflexão e contestação frente aos
retrocessos culturais ocorridos com advento do bolsonarismo.
Durante toda a programação da Mostra, o público contará com a exibição de clássicos do
cinema mundial, como é o caso de Casablanca(1942) de Michael Curtiz , Julgamento em
Nuremberg (1971) de Stanley Kramer ; Prelúdio de Uma Guerra (1942) de Frank Capra e
Anatole Litvak (1942), Guerra do Ópio (1997) de Xie Jin e O Grande Ditador (1940) de Charles
Chaplin, são alguns deles.
As produções de alguns dos principais cineastas da atualidade também estarão presentes na
mostra, como JFK (1991) e Snowden (2016), de Oliver Stone; e Capitalismo – Uma História de
Amor, Michael Moore. O impactante Infiltrado na Klan (2018), de Spike Lee, é o filme mais
recente que será apresentado nessa mostra.
A mostra conta ainda com as produções soviéticas e russas: Tratoristas (1939) de Ivan Pyriev
e Tigre Branco (2012), de Karen Shakhnazarov, que foram sucesso de critica e público na
Mostra Mosfilm de Cinema Russo, também realizada pelo CPC-UMES.
Grandes produções nacionais também fazem parte da mostra, como Xica da Silva
(1976) de Cacá Diegues, Pra Frente Brasil (1982) de Roberto Farias, Mauá, o Imperador e o Rei
(1999) de Sérgio Rezende (1999) e O Veneno Está na Mesa 1 e 2, dirigidos por Sílvio Tendler.
A Mostra Democrática Cinema com Partido foi inaugurada em março de 2019 pelo CPC-UMES
(Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de SP) e contará
com exibições no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Bela Vista, sempre aos sábados, às 10
horas da manhã.
Após as sessões, são realizados debates sobre os temas abordados nos filmes com o público
presente e convidados especiais.