Rússia chamou de Sputnik V a primeira vacina contra a pandemia a ser registrada, uma alusão ao primeiro stélite a entrar em órbita terrestre, lançado pela URSS

O presidente Vladimir Putin anunciou, na terça-feira (11), o registro da primeira vacina russa contra a Covid-19.

“Nesta manhã foi registrada, pela primeira vez no mundo, uma vacina contra a COVID-19”, disse em reunião com membros do governo, divulgou a agência de notícias Ria Novosti.

“Sei que ela atua de forma bastante eficaz, formando uma imunidade estável e, volto a dizer, passou pelos testes necessários”, afirmou Putin.

“Uma de minhas filhas foi vacinada, nesse sentido ela participou dos testes. Após a primeira vacinação, ficou com 38 graus de temperatura, no dia seguinte tinha 37 graus e pouco. E é tudo […] Depois da segunda injeção, da segunda vacinação, a temperatura também subiu um pouco e depois baixou. Ela se sente bem e os anticorpos estão altos”, afirmou o presidente.

Testes

O ministro da Saúde, Mikhail Murashko, responde aos questionamentos sobre a fase 3 de testagem da vacina e destaca que ela continuará passando por testes clínicos com a participação de milhares de pessoas juntamente com modernos sistemas de acompanhamento digital dos efeitos das aplicações nestes voluntários

“Os documentos estão sendo preparados para a continuação dos testes clínicos com a participação de alguns milhares de pessoas. Para monitoramento operacional da saúde dos vacinados e controle da eficácia e segurança, o Ministério da Saúde da Rússia está criando um circuito digital, que vai permitir monitorar a segurança e a qualidade da vacina em todas as fases”, afirmou o ministro.

A vacina desenvolvida pelo Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya e pelo Ministério de Defesa Russo começará a ser distribuída à população em 1º de janeiro de 2021, indicam os dados do registro estatal de medicamentos do Ministério da Saúde.

Sputnik v

Kirill Dmitriev, diretor do Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF), que financia a pesquisa, disse nesta terça que a vacina se chamará Sputnik V, uma referência ao lançamento do primeiro satélite do mundo, em 1957 pela então União Soviética. “Acreditamos que a vacina é incrivelmente segura. Testei em mim mesmo e não vimos efeitos colaterais significativos”, afirmou.
Os testes clínicos começaram na Universidade Sechenov, em Moscou, no dia 18 de junho. A segurança da vacina foi confirmada em 38 voluntários. Todos os que testaram a vacina desenvolveram imunidade ao vírus. Ela tem dois componentes injetados separadamente que, em conjunto, produzem uma imunidade a longo prazo contra o vírus.

As partículas do coronavírus na vacina da COVID-19 não podem prejudicar o organismo, disse Aleksandr Gintsburg, diretor do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya. Segundo o cientista, a substância usa partículas inanimadas criadas com base no adenovírus.

“Vivas são as partículas e os objetos que podem se auto-reproduzir. Estas partículas não se podem reproduzir”, explicou ele à emissora Rossiya 24. “Como tal, não há razão para temer que a vacina possa prejudicar a saúde”, concluiu o médico.

De acordo com Gintsburg, no máximo as partículas do coronavírus causariam desconforto, porque o sistema imunológico começa a reagir fortemente quando a vacina introduz um antígeno estranho. Algumas pessoas têm um aumento de temperatura natural sob estas circunstâncias, assinalou.

Vladimir Putin agradeceu a todos os que trabalharam na vacina russa, descrevendo-a como “um passo muito importante para o mundo”.