EUA: Ex-presidente Carter: “promotores da mentira do roubo da eleição” apostam na divisão

O ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, afirmou em artigo publicado no The New York Times que “nossa grande nação agora oscila à beira de um abismo cada vez maior. Sem ação imediata, corremos o risco real de um conflito civil e de perder nossa preciosa democracia”.

Exatamente um ano após o ataque ao Capitólio, quando partidários do então presidente Donald Trump invadiram à força a sede do Congresso norte-americano para impedir que a vitória eleitoral de Joe Biden fosse certificada, Carter sublinhou que “os promotores da mentira de que a eleição foi roubada apreenderam um partido político e alimentaram a desconfiança em nossos sistemas eleitorais”.

Segundo o ex-presidente, que serviu na Casa Branca entre 1977 e 1981, essas forças exercem poder e influência por meio de uma “desinformação implacável” que coloca os norte-americanos uns contra os outros.

Para fortalecer a segurança das eleições nos Estados Unidos, Carter enfatizou que, é necessário que os cidadãos concordem com as normas constitucionais e se respeitem, apesar de suas diferenças políticas. Além disso, segundo ele, o país deve promover reformas eleitorais para garantir o acesso e a confiança nas eleições, bem como rejeitar a violência na política e enfrentar o problema da desinformação.

Já o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, qualificou seu antecessor do Partido Republicano, Donald Trump, de “perdedor” e “mentiroso” e o acusou de representar uma ameaça contínua à democracia, em discurso no aniversário de um ano do violento ataque ao Capitólio, nesta quinta-feira (06).

“Para dizer o obvio, há um ano, neste local sagrado, a democracia foi atacada. A nossa constituição enfrentou a sua maior ameaça”, frisou apontando que quem salvou o Estado de direito foi a polícia e que “nós, o povo, seguramos e prevalecemos”.

E não foram só os principais lideres do Partido Democrata que se manifestaram contra os atentados à democracia. Lideranças de organizações sociais expressaram seu repúdio à prática que beira o fascismo. Jana Morgan, diretora da Declaração para a Democracia Americana, uma coalizão de mais de 240 organizações que lideram a luta pela aprovação da Lei de Liberdade de Voto, declarou que “o ataque de 6 de janeiro do ano passado por direitistas motivados pelo ex-presidente Trump demonstrou os perigos que nossa nação enfrenta. Também ressalta a urgência com que precisamos transformar nosso sistema político em um que funcione para todos os americanos”.

“Para que a América siga em frente”, advertiu Ben Jealous, presidente da organização People For the American Way, “devemos responsabilizar todos os que perpetraram os crimes daquele dia – incluindo aqueles que conspiraram para permitir a entrada no Capitólio e aqueles que trabalharam na administração Trump que permanecem relutantes em cooperar nas investigações”.

“Na América, os eleitores são os que devem decidir o resultado das eleições”, ressaltou Lisa Gilbert, vice-presidente executiva da organização de defesa do consumidor Public Citizen em comunicado, na quinta-feira. “Mesmo assim, 365 dias após os ataques nas eleições de 2020 culminarem na calamidade do Capitólio, ainda não promulgamos reformas significativas, se não fizermos nada estamos garantindo que haverá mais caos eleitoral em 2022”.