Partido e juventude: o papel dos comunistas em meio às correntes ideológicas
O 7o. Encontro Nacional Partido e Juventude, realizado neste final de semana, entre 5 e 7 de abril, foi marcado por intensos debates e atualizações na política do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em relação à juventude. Gustavo Petta, secretário nacional de Juventude do PCdoB, faz um balanço positivo do evento, destacando a presença dos principais dirigentes dessa frente de juventude, bem como representantes das principais entidades estudantis do país.
“Reunimos os principais dirigentes dessa frente de juventude nos estados brasileiros, os secretários estaduais de juventude, a Comissão Nacional de Juventude, a Comissão Nacional de Organização do partido, e nossos jovens dirigentes que atuam na UJS (União da Juventude Socialista), na JPL (Juventude Pátria Livre), na UNE (União Nacional dos Estudantes), na UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas), na ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos). Foi um encontro intergeracional que ajudou a atualizar a política do PCdoB para essa frente”, afirmou Petta.
A importância estratégica dessa frente de juventude para o PCdoB é evidente, principalmente no papel que desempenha ao dirigir as principais entidades de jovens do país, como a UNE e a UBES. “Nós temos uma grande influência na juventude brasileira, a partir principalmente do movimento estudantil”, diz Petta. Figuras proeminentes como Luciana Santos (ministra), Orlando Silva (deputado) e Manuela D’Ávila (ex-deputada) são exemplos de líderes que emergiram desse trabalho e contribuíram significativamente para o partido. No entanto, mesmo diante do sucesso alcançado pelo PCdoB na juventude, é fundamental realizar uma reflexão constante sobre as estratégias adotadas, identificar pontos frágeis e enfrentar os desafios contemporâneos que se apresentam.
Durante o encontro, foram debatidas diversas questões relevantes para a atuação do PCdoB entre os jovens, incluindo a atualidade das lutas juvenis diante da crise do capitalismo e da ascensão da extrema direita, bem como a organização da juventude no partido, a partir da vitória do governo Lula e da formação da necessária frente ampla. Também foram discutidas as correntes ideológicas presentes na juventude, reafirmando a visão e concepção do PCdoB.
“Debatemos também como organizar a juventude no partido, a partir da experiência exitosa da UJS e da JPL, formação, política de quadros e depois a apresentação de um planejamento da nossa atuação nesse próximo período”, afirma.
Como resultado do encontro, será elaborado um documento que servirá de orientação para os estados realizarem reuniões semelhantes, atualizando e orientando a política do PCdoB em relação à juventude. O objetivo é fortalecer a importância dessa frente de juventude em todas as instâncias do partido, desde as direções estaduais até as municipais.
“O objetivo também é fortalecer nas direções estaduais e municipais, a importância dessa frente de juventude. Então, avaliação muito positiva e nós seguimos agora com um calendário muito intenso no trabalho de juventude”, concluiu Petta.
Com esse encontro, o PCdoB reafirma seu compromisso com a juventude brasileira e segue empenhado em fortalecer sua atuação nessa importante frente política e social. “Seguimos agora com um calendário muito intenso no trabalho de juventude, tanto na realização desses encontros no âmbito dos estados, como também do congresso da UBES em maio, o congresso da ANPG em julho e o congresso da UJS Nacional, que vai comemorar os 40 anos da entidade também em julho desse ano”, pontua o dirigente.
Fortalecendo vínculos e preparando o caminho
Nádia Campeão, secretária nacional de organização do PCdoB, compartilhou suas impressões sobre o evento e os resultados alcançados, descrevendo a sensação de vitória e entusiasmo para os próximos passos. Este evento é de suma importância, especialmente diante do cenário pré-eleições de 2024, conforme destaca Nádia Campeão, secretária nacional de organização do PCdoB.
“O encontro finalizou ontem de forma vitoriosa, na minha opinião. A participação dos quadros da nossa juventude, tanto da UJS como da JPL, foi extraordinária, trazendo suas experiências, expectativas e opiniões muito interessantes sobre como o Partido pode se fortalecer e se ligar mais e melhor à juventude”, afirma ela.
Uma das conquistas destacadas pela dirigente partidária foi a articulação entre os secretários estaduais de juventude, que possibilitou alinhar uma programação e método para dirigir de forma mais eficaz o trabalho do Partido junto à Juventude. Essa iniciativa visa promover uma maior integração e coordenação das atividades entre os diferentes níveis de atuação do PCdoB em todo o país.
Além disso, foi acordado um trabalho conjunto no âmbito da formação, envolvendo a Escola Nacional João Amazonas e a Escola Castro Alves. Enquanto a primeira se responsabilizará pelos cursos mais específicos sobre marxismo, desenvolvimento brasileiro e questões teóricas importantes, a segunda manterá uma programação forte de debates, incluindo temas relevantes para a juventude atual.
“Saiu um compromisso também de todos com a realização de um grande congresso de 40 anos da UJS, que ocorrerá em julho. Vai haver um chamamento para todo o partido, desde os comitês municipais, comitês estaduais, para que a gente apoie e realize congressos massivos, congressos bem organizados, para que tenhamos uma UJS cumprindo o papel extraordinário que ela já cumpre até hoje”, acrescenta Nádia.
Com essas iniciativas, o PCdoB reafirma seu compromisso com a juventude e demonstra estar preparado para enfrentar os desafios futuros, fortalecendo os laços entre o partido e a nova geração de comunistas.
Compromisso com a formação militante
Altair Freitas, diretor da Escola Nacional João Amazonas do PCdoB e membro do Comitê Central, destaca a importância da integração estratégica da participação e do engajamento dos jovens para o futuro do partido e para a continuidade da luta pelo socialismo. “A UJS e a JPL cumprem um belo papel no desenvolvimento das lutas sociais em defesa das pautas da juventude, com muita ênfase em defesa da educação pública gratuita e para que mais jovens tenham acesso ao ensino público, ao ensino universitário, mesmo o ensino privado, também. E que a gente consiga, nesse debate, fazer com que mais jovens militem no PCdoB, estruturando, reforçando os comitês do partido, as direções dos comitês estaduais, dos comitês municipais e a própria direção nacional”.
Um dos aspectos cruciais discutidos é a importância da formação teórica dos jovens militantes do PCdoB. Freitas ressalta que compreender a história do Brasil, do capitalismo e do marxismo-leninismo é essencial para um partido que busca transformar a sociedade e construir o socialismo. A formação teórica é vista como um instrumento fundamental para a análise da realidade e das lutas políticas, sendo o marxismo-leninismo o referencial teórico que guia o partido em sua jornada. Altair contribuiu com os debates sobre o trabalho de formação e a criação de um sistema nacional de formação da juventude do PCdoB.
Fabio Palácio, professor da Universidade Federal do Maranhão e dirigente do Comitê Central do PCdoB, ressalta a relevância do encontro, destacando seu objetivo de discutir não apenas questões conjunturais, mas também a concepção do trabalho de juventude. “A gente sabe que a gente vive um momento muito difícil, complexo na história do país, em que uma série de correntes à direita e até à extrema direita, e também por outro lado, você tem toda uma diversidade de correntes à esquerda, isso tudo nos coloca diante da tarefa de repensar qual é o lugar dos comunistas diante de todo esse ecossistema de correntes políticas ideológicas”, diz ele, que apresentou o tema durante o encontro.
Rafael Leal, presidente nacional do UJS, ressalta a importância desse encontro como um momento fundamental para discutir, afinar e renovar as estratégias do trabalho dos comunistas junto à juventude brasileira. “O encontro proporciona uma oportunidade valiosa para renovar a linha política e tática, além de criar dinâmicas que apontem caminhos para fortalecer ainda mais esse trabalho, que também contemplará questões organizativas essenciais para o fortalecimento da atuação da juventude comunista”.
Manuela Mirella, presidenta da UNE, considera que, no cenário político e social do Brasil, a voz e a participação ativa da juventude são mais cruciais do que nunca. Ela ressalta que, em tempos de desinformação, fake news, ódio e intolerância, é a juventude que pode liderar a busca por soluções e apontar os rumos para a reconstrução do Brasil. “Com uma postura de rebeldia consciente e responsabilidade social, os jovens são os agentes de mudança capazes de enfrentar os desafios do país.”
Jade Beatriz, presidenta da UBES, diz que “ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”, por isso, ela reconhece que a juventude comunista está em uma posição estratégica para moldar o futuro da nação e está comprometida em desempenhar um papel ativo nesse processo. “Questões como acesso à educação de qualidade, inclusão cultural, saúde pública e participação política foram abordadas com profundidade, evidenciando a determinação da juventude em construir um Brasil mais justo e igualitário”.
Nelson Júnior, coordenador nacional da Juventude Pátria Livre, ressalta que este foi seu segundo encontro desde a incorporação do PPL ao PCdoB, destacando a união e o fortalecimento do partido nesse processo. Para Júnior, este é um momento crucial para a reconstrução nacional e o desenvolvimento do país após a vitória sobre o governo Bolsonaro. “Precisamos gerar emprego e renda para o nosso povo, precisamos investir em educação pesada, ter desenvolvimento nacional com uma indústria forte. Para isso vamos ter que debater, discutir muito essa política econômica do governo Lula. Acho que esse encontro aqui é potente e vai ajudar nesse sentido”, apostou.
Vinícius Soares, presidente da ANPG, destaca que, nos últimos seis anos, o país testemunhou um desmantelamento do estado de bem-estar social e das políticas públicas voltadas para os jovens, resultando na exclusão de muitos deles das escolas e universidades. “Diante desse cenário, surge um grande desafio para os comunistas: apresentar soluções que permitam ao Estado brasileiro gerar oportunidades para a juventude. É fundamental que as competências e habilidades dos jovens sejam aproveitadas para a reconstrução nacional, pois possuem a garra e a determinação necessárias para transformar o Brasil”.
(por Cezar Xavier)