Não bastassem as revelações comprometedoras da CPI da Covid no Senado, agora arde nas mãos do presidente Jair Bolsonaro uma granada sem pino, prestes a explodir.

Por Luciano Siqueira*

As denúncias do deputado originariamente bolsonarista Luís Miranda (DEM-DF) e do seu irmão Luís Ricardo Miranda, funcionário do Ministério da Saúde, parecem irrefutáveis.

Espanta a rapidez com que o governo, com a intervenção direta do presidente da República, entabulou a compra de uma vacina Covaxin ainda não aprovada pela Anvisa, por valores que ultrapassam 1000% em sobrepreço.

A contraface do comportamento leniente e irresponsável do próprio Bolsonaro e seus ministros da Saúde temporários na aquisição de outras vacinas, comprovadamente eficazes.

E da própria campanha que o ex-capitão segue realizando contra a imunização vacinal.

Hoje, atingimos 40% da população adulta imunizada com a primeira dose. Ainda é pouco, pois o Brasil ultrapassa 100 mil casos em 24 h pela 1ª vez e tem 2.343 mortes. Números compatíveis com uma possível terceira onda da pandemia.

Os termos e o tom com que se pronunciou ontem o deplorável ministro Onyx Lorenzoni, ameaçando os denunciantes da mutreta, ao invés do compromisso com a apuração rigorosa dos fatos, dá a dimensão do embaraço do chefe do governo.

Notória é a incompetência do atual governo para enfrentar situações críticas. Combina incompetência com arroubos autoritários.

Em meu canal no YouTube comento a absoluta impossibilidade da CPI da Covid no Senado dar em pizza, tamanha a gravidade das revelações que se sucedem.

O caso da vacina indiana, que cito de passagem, parece ser, de fato, o fato novo que agrava a situação. A CPI vai apurá-lo.

Lembrando Engels, para quem às vezes um fato fortuito pode mudar o curso da situação política, talvez estejamos diante de um tsunami em formação.

 

*Luciano Siqueira, médico, é membro do Comitê Central do PCdoB e ex-vice-prefeito do Recife

 

 

(PL)