A Fundação Cultural Palmares, em mais um gesto de estupidez institucional e determinada a cumprir a louca “missão” de seu presidente, movida a perseguições políticas e delírios ideológicos, agora investe contra o acervo de livros da instituição.

Um relatório que parece ter saído das catacumbas dos aparelhos repressivos da ditadura, elenca uma série de obras de “viés marxista” (muitas delas da nossa editora) e, julgando-as “subversivas” e inadequadas, defende que sejam eliminadas.

Por Cláudio Gonzalez*

O relatório sugere que apenas 5% dos mais de 9 mil livros da Fundação serão mantidos.

Ainda que o acervo seja bastante eclético, ele possui uma diversidade natural a acervos com grande volume de títulos e “queimar” a quase totalidade da biblioteca é um crime que nos remete a períodos sombrios da humanidade.

O documento da Fundação que busca justificar a “limpeza” ideológica do acervo atinge até mesmo obras de literatura com a desculpa bizarra de que elas não se adequam às atuais normas gramaticais determinadas pelo acordo ortográfico de 1990 e que entraram em pleno vigor no Brasil só em 2016. Ou seja, o relatório invalida mais de 95% do acervo já que ele, como a maioria das bibliotecas, é composto de obras anteriores ao acordo.

A atual gestão da Palmares já vinha defenestrando personalidades negras que não se alinham politicamente com o governo protofascista de Bolsonaro; agora dedica esta mesma linha persecutória ao acervo da instituição.

A editora Anita Garibaldi, casa de autores como Clóvis Moura, que tanto contribui para o movimento negro no Brasil, repudia a atitude da atual gestão da Palmares e espera que em breve esta nuvem de autoritarismo de extrema-direita seja dissipada não só da instituição mas também do país.

 

*Cláudio Gonzalez, jornalista, é editor da Editora Anita Garibaldi