Fotos: Ascom Luciana Santos

A presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, analisou o cenário político atual, a importância da frente ampla para derrotar Bolsonaro e os desafios colocados para 2022, inclusive no que diz respeito à cláusula de barreira. A entrevista foi concedida ao canal da revista Fórum no Youtube, na última quinta-feira (6).

“Achamos que esta é uma lei autoritária e contraditória: é possível fazer alianças majoritárias, mas não alianças proporcionais. Isso não tem lógica”, declarou sobre as regras impostas pela cláusula de barreira. “Não é isso que vai determinar se um partido é mais programático, ideológico, ou se move por acordos espúrios”. O que diz sobre a natureza do partido, destacou, “é sua trajetória, sua história, sua coerência, suas posições políticas”, disse. E completou, falando sobre o PCdoB: “Sempre nos movemos por posições programáticas, ideológicas e temos atuação nas frentes de massa”.

Sobre a volta do ex-presidente Lula à arena política, Luciana colocou: “É um fato novo na conjuntura política que nos fortalece deveras, ainda mais da forma com que o presidente Lula tem conduzido os diálogos e seu papel político de maneira acertada”.

A dirigente defendeu a formação de uma frente ampla de forças políticas e lembrou que “a experiência mais recente no Brasil do próprio ciclo político de Lula e Dilma só funcionou porque, com todas as controvérsias, é o curso político natural do Brasil, o chamado presidencialismo de coalisão, de frente ampla. E o Lula está conduzindo essas conversas com esse tipo de visão”.  A dirigente acrescentou ainda estar “otimista com o cenário futuro” e avalia que “sem dúvida o Lula é um grande vetor e catalizador de um processo mais amplo que faça a gente ganhar em 2022”.

Luciana disse, ainda que “a pandemia é um grande fator de mudança, não só econômica, mas social e no plano da política no mundo todo; é um vetor de reacomodação de forças num processo de luta intenso e ideológico, tanto é que a gente está vendo a luta que a gente faz em defesa da ciência, em defesa do óbvio”.

A presidenta também avalia que a pandemia trouxe consigo a quebra de paradigmas, como aqueles defendidos pelo neoliberalismo. “A palavra de ordem agora é investimento público. Biden começou seu governo com US$ 2 trilhões de investimentos para aquecer o setor produtivo, defender a economia, os mais pobres. O mundo todo está fazendo isso e só aqui no Brasil é que o Guedes com Bolsonaro não têm nenhum gesto nessa direção. Muito pelo contrário: agora, por conta de acordo com o Centrão, cortaram na carne aquilo que já era pouco. Estamos com o pior orçamento dos últimos anos”.

Para ela, “não é possível que tudo isso não caia no colo do Bolsonaro, a responsabilidade pelas 400 mil vida perdidas, que podem chegar a 600 mil em agosto, o descaso com a vacina, o deboche que ele faz com essa situação, a apologia à ditadura…Então em algum momento, vamos conseguir reunir massa crítica, unidade política, para questionar esse estado de coisas”.

Mesmo assim, avalia, “acho que o Bolsonaro tem uma base social muito dura, um pensamento capilarizado, construído ao longo do tempo”. Além disso, apontou, “a ‘banca’ o sustenta apesar de não o preferir, mas o engole porque ele tem que entregar o serviço da agenda econômica”.

Luciana avalia que o embate não será fácil porque Bolsonaro “vai navegar nessa base social, nas fake news, no gabinete do ódio, que são o ‘novo normal’ da política. As fake news viraram uma política de Estado no Brasil”.

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Por Priscila Lobregatte