Luciana Santos: Temos de estar unidos para enfrentar Bolsonaro
Em entrevista concedida à Rede Agreste de Rádio nesta quinta-feira (29), a presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, falou, entre outros temas, sobre o atual cenário político nacional e internacional, o agravamento da pandemia, o governo Bolsonaro e a necessidade da frente ampla para enfrentá-lo em 2022.
“Não há registro, nos últimos cem anos, de uma pandemia com o impacto na vida das pessoas como é a da Covid-19”, disse Luciana. “Vemos o Biden, que é o presidente dos EUA, um país que assumidamente lidera o mundo do capitalismo, decidir, numa tacada só, investir US$ 2 trilhões do Tesouro para salvar vidas e a economia, com ajuda emergencial, programa de emprego, investimento no setor produtivo etc. Então, houve uma quebra de tabu desse discurso do Estado mínimo. O mundo todo está usando o dinheiro público para salvar vidas e a economia”, explicou. Por outro lado o Brasil, colocou Luciana, está na contramão dessa tendência.
A dirigente lembrou ainda que “somos o epicentro de mortes no mundo porque temos na figura do presidente da República um aliado do vírus. E em todo esse período, nos sentimos muito órfãos de uma coordenação, de um planejamento nacional”.
Neste sentido, Luciana destacou a atuação dos governadores ao cumprir com seu próprio papel e também com aquele que deveria ter sido cumprido pelo presidente da República. “Quando se olha o tripé básico para o enfrentamento da pandemia — vacina, leito e luta contra a contaminação através do distanciamento social —, fizemos o dever de casa. E o Nordeste teve, nos últimos 30 dias, a menor quantidade de óbitos do Brasil. Isso mostra o acerto do caminho”.
Luciana lembrou o papel da oposição na conquista do auxílio emergencial de R$ 600 no ano passado, a luta para retomá-lo neste ano e mantê-lo com o mesmo valor e a importância desta renda no enfrentamento à miséria: “Pesquisas apontam que metade da população brasileira vive em insegurança alimentar; ou seja, voltamos ao vergonhoso mapa da fome. A situação é dramática”, disse Luciana. Ela salientou que o Brasil vive em “completo descontrole; é um país à deriva”.
Para derrotar Bolsonaro e reconstruir o Brasil, Luciana ponderou que será preciso “ter a capacidade de relevar as divergências que são próprias do período eleitoral e entender que o que está em jogo é um projeto de nação, é a vida dos brasileiros e brasileiras. Temos de estar unidos para enfrentar Bolsonaro”.
Luciana avalia que Bolsonaro não pode ser subestimado: “apesar de toda essa tragédia, ele faz uma disputa de narrativa. Bolsonaro, que nunca defendeu a vacina, de repente vira o ‘pai da vacina’ e coloca a culpa da crise econômica no colo dos governadores, como se fosse possível retornar à atividade plena com a contaminação crescente. É um contrassenso”.
Com relação à união de forças necessárias para enfrentar e vencer Bolsonaro, a presidenta do PCdoB ressaltou que “não podemos nos dar ao luxo de acentuar as divergências. Temos de nos unir numa batalha contra um inimigo comum que é esse governo de desmonte nacional que tem sido o governo Bolsonaro. As pessoas que têm a responsabilidade de conduzir a política precisam, cada vez mais, colocar os interesses do Brasil acima dos interesses partidários. E é isso que sempre nos moveu: contribuir com essa construção de frente ampla”.
Por Priscila Lobregatte