A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que deve começar a funcionar na próxima semana no Senado, está movimentando o governo federal. Além de tentar atrasar os trabalhos do colegiado e mudar sua composição, agora entraram em jogo declarações de aliados bolsonaristas para isentar o presidente da República da responsabilidade sobre a condução do combate à pandemia.

Em entrevista à revista Veja nesta semana, Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, tentou jogar nas costas apenas do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a responsabilidade sobre a baixa oferta de vacinas contra a Covid-19 no Brasil.

Segundo ele, a compra de vacinas oferecidas pela Pfizer, ainda no ano passado, não ocorreu por “incompetência e ineficiência” da pasta comandada até então pelo general.

“Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação que envolve cifras milionárias e do outro lado um time pequeno, tímido sem experiência, é isso que acontece”, disse Wajngarten.

“O presidente Bolsonaro está totalmente eximido de qualquer responsabilidade nesse sentido. Se as coisas não aconteceram, não foi por culpa do Planalto. Ele era abastecido com informações erradas, não sei se por dolo, incompetência ou as duas coisas”, afirmou o ex-chefe da Secom.

Deputados do PCdoB rebateram as declarações de Wanjgarten. Para eles, a culpa é de todos e lembraram que Pazuello agia sob comando de Bolsonaro, não podendo o presidente ser inocentado da omissão com que vem tratando o combate à pandemia que já vitimou mais de 380 mil brasileiros.

“De quem é a responsabilidade? De todos! Mas principalmente do presidente, que responde por todos”, declarou a vice-líder da minoria, deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Para o vice-líder da bancada do PCdoB na Câmara, deputado federal Orlando Silva (SP), a entrevista de Wanjgarten é a admissão pública de culpa do governo “pelo caos gerado pelos quase 400 mil mortos pela Covid”. “É também a prova cabal da canalhice e covardia de Bolsonaro: Pazuello será o boi de piranha, talvez seja preso, para livrar a barra do genocida”, destacou o parlamentar.

Segundo Silva, a “Operação Pazuello ao Mar – ou à prisão – é mais uma das peças de trairagem e vigarice da política brasileira”. “Houve incompetência? Muita! Aliás, todo o governo é um poço de incompetência. Mas houve, sobretudo, omissão criminosa e sabotagem por ordem de Bolsonaro, o genocida”, afirmou.

Em entrevista nesta quinta-feira (22), o senador Renan Calheiros (MDB-AL), cotado para assumir a relatoria da CPI, afirmou que as investigações devem ter início pelo processo de aquisição de vacinas contra o coronavírus. A primeira reunião da CPI da Covid é aguardada na próxima terça-feira (27), onde o grupo deve eleger presidência e vice do colegiado.

 

Por Christiane Peres

 

(PL)