60% de pequenos tiveram crédito negado, diz Sebrae
Pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), realizada entre os dias 3 e 7 de abril, aponta que 60% dos donos de pequenos negócios que buscaram crédito no sistema financeiro desde o início da crise do coronavírus tiveram o seu pedido negado. Apenas 11,3% disseram que conseguiram e 29,5% disseram que estão aguardando resposta.
Os dados apresentados pela Sebrae são da pesquisa, “O impacto da pandemia do coronavírus nos pequenos negócios”, que ouviu 6.080 empreendedores de todo o país.
Apesar das medidas anunciadas nas últimas semanas pelo governo federal – que para muitos economistas são insuficientes para evitar que a economia do país entre em colapso – os bancos aumentaram a taxa de juros para todas as linhas de crédito e estão impondo dificuldades e exigências às empresas que buscam linhas de créditos de empresa de grande, médio e pequeno porte, segundo relatos de empresários e diferentes setores.
De acordo com a pesquisa do Sebrae, cerca de 55% dos entrevistados afirmam que precisam de empréstimos para manter seu negócio em funcionamento sem gerar demissões.
Além da dificuldade de acesso a crédito, os pequenos negócios também declararam que enfrentam queda no faturamento. Segundo a pesquisa, quase 88% dos empresários ouvidos viram seu faturamento cair 75% em média e a estimativa é que as empresas consigam permanecer fechadas e ainda assim ter dinheiro para pagar as contas apenas por mais 23 dias.
A pesquisa demostra também que a situação financeira das empresas já não era considerada boa pela maioria dos pequenos negócios. 73% disseram que era razoável ou ruim a situação financeira antes mesmo antes da chegada da pandemia.
O estudo mostrou ainda que mais de 62% dos negócios interromperam temporariamente as atividades ou fecharam as portas definitivamente.
Entre os 38% que continuam abertos, a maioria mudou o seu funcionamento, passando a fazer apenas entregas, atuando exclusivamente no ambiente virtual ou adotando horário reduzido.
Nos últimos 15 dias, cerca de 18% dos empresários entrevistados demitiram funcionários.
Nos próximos três meses, o Sebrae vai destinar pelo menos 50% da sua arrecadação, para ampliar o crédito aos pequenos negócios. A operação de socorro deve começar com R$ 1 bilhão em garantias, o que viabilizará a alavancagem de aproximadamente R$ 12 bilhões em crédito para pequenos negócios.
“Um dos maiores obstáculos no acesso dos pequenos negócios ao crédito é a exigência de garantias feita pelas instituições financeiras. Nesse sentido, o Fampe funciona como um salvo-conduto, que vai permitir aos pequenos negócios, incluindo até o microempreendedor individual, obterem os recursos para capital de giro, tão necessários para atravessarem a crise provocada pela pandemia do Coronavírus, mantendo os negócios e os empregos”, disse Carlos Melles, presidente do Sebrae.