Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Cerca de 5,7 milhões de cidadãos inscritos no auxílio emergencial não vão receber nenhuma das quatro parcelas de R$ 300 do que vem sendo chamado pelo governo de auxílio residual.

A informação é do próprio governo, que considera a exclusão desses milhões de brasileiros do programa, em plena pandemia, uma “evolução”.

“Cerca de 5,7 milhões de pessoas é a nossa estimativa, até 31 de dezembro. Seriam pessoas que deixariam de receber o auxílio extensão por evolução, vamos dizer assim, do processo e do aprendizado que tivemos em relação a essa política pública”, anunciou o secretário-executivo do Ministério da Cidadania, Antônio José Barreto, nesta quarta-feira (30).

Na realidade, as regras mais restritas para o recebimento do auxílio “residual” e, principalmente, o novo calendário, feito na medida exatamente para diminuir o número de beneficiários, são os fatores que vão deixar de fora esses quase 6 milhões de trabalhadores.

No novo calendário, que só poderá ser pago até 31 de dezembro, apenas quem começou a receber o auxílio de R$ 600 em abril receberá todas as quatro parcelas restantes de R$ 300.

Quem recebeu até agora apenas quatro parcelas de R$ 600, por ter se inscrito depois ou por algum problema de atraso na avaliação do seu cadastro, por exemplo, receberá apenas três parcelas de R$ 300, e assim por diante.

Assim, trabalhadores que só conseguiram ser aprovados no final de junho não receberão nenhuma parcela de R$ 300.

Questionado sobre o prejuízo para essas pessoas que receberão menos parcelas ou nenhuma, em muitos casos por problemas da própria Caixa ou da Dataprev, que atrasaram a avaliação de cadastros ou deixaram cadastros pendentes, Antonio Barreto afirmou que o governo fez “o melhor que poderia fazer”, mas não falou sobre como fica a situação desses milhões de brasileiros.

Segundo a Caixa Econômica Federal, em cálculo estimado, apenas 56,25% dos 48 milhões de beneficiários do auxílio emergencial, excluídos os integrantes do Bolsa Família, receberão todas as quatro parcelas do auxílio “residual”, o que representa 27 milhões de pessoas. Ainda segundo estimativas da Caixa – que esclarece que esses números ainda podem ser alterados, pois agora os cadastros serão reavaliados a cada mês -, 8,1 milhões de pessoas receberão três parcelas, 5,9 milhões receberão duas parcelas e 1,4 milhão receberá apenas uma parcela.