Juventude é estratégica para enfrentamento à extrema-direita. Foto: reprodução/UJS

Daqui a poucos meses, os brasileiros e brasileiras escolherão seus vereadores e prefeitos. Será uma oportunidade importante para buscar reverter a ascensão da extrema-direita e garantir melhores condições de vida para a população nas cidades em meio à crise e à pandemia. Neste cenário, as candidaturas da juventude são estratégicas.

“Elas são muito importantes quando apresentam ideias jovens, democráticas, transformadoras. As ideias velhas, representadas em Bolsonaro, precisam ser derrotadas e isso passa pela construção de alternativas. A juventude pode impulsionar um processo de renovação e de defesa daquilo que é mais avançado”, diz Thiago Morbach, presidente da União da Juventude Socialista (UJS).

Hoje, cerca de 100 jovens militantes da UJS são pré-candidatos a vereador. “Isso representa um aumento significativo que vem do preparo desde as eleições passadas. Em 2018, lançamos a campanha “Ocupa o Poder” e tivemos algumas dezenas de candidatos a deputados federais e estaduais, como é o caso de Carina Vitral em São Paulo, que era nossa presidenta nacional”, explica.

“Temos nos esforçado para demonstrar que os espaços de representação política podem e devem ser diferentes, mudando radicalmente. Diversas de nossas candidaturas são coletivas e contam com co-candidatos. Além disso, a UJS atua para construir territórios de esperança em que se construam alternativas ao projeto autoritário de Bolsonaro. A defesa da vida, da educação e do emprego para a juventude são centrais”, aponta Thiago.

Nelson Júnior, coordenador da Juventude Pátria Livre (JPL) destaca que o número de pré-candidaturas ligadas à entidade aumentou em relação a 2016. “Neste ano, lançamos pré-candidaturas para vereador(a) em São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza e também em Araraquara, todas que já estão em pré-campanha e se organizando para as eleições”.

Júnior explica que a JPL tem procurado estimular as candidaturas jovens monstrando que “dependemos do Legislativo e do Executivo para aprovar e implementar políticas de interesse da população. Queremos transformar a sociedade, temos muitas ideias, por isso precisamos ocupar os espaços de poder e transformar os anseios e direitos da juventude em realidade. Isso passa, neste ano, por ocuparmos as câmaras municipais”.

Para o dirigente da UJS, “as eleições são um aspecto da luta política que estamos inseridos. Para nós é algo natural. Ocupamos as ruas no Tsunami da Educação, participamos das mobilizações antifascistas e antirracistas e agora queremos levar essas lutas também às câmaras municipais”.

Na avaliação de Nelson Júnior, as candidaturas jovens “são muito importantes, pois este governo Bolsonaro é exatamente o contrário do que defendemos. Além da política de ódio, ataques à educação e à democracia, Bolsonaro nos coloca em uma situação com mais de 120 mil brasileiros mortos, não fez nada para combater a Covid-19 e ainda sabotou quem tentou fazer. Foi contra e dificultou o pagamento do auxílio emergencial e agora quer diminuir o valor. Deu dinheiro para os bancos e não para as empresas e o desemprego aumentou — quase nove milhões de postos de trabalho foram perdidos. Neste contexto todo, vamos ter que fazer a disputa de ideias com a população e mostrar que precisamos eleger jovens que defendem os interesses da juventude e do povo”.

Para ele, apesar de todas as adversidades, o atual cenário estimula a participação dos jovens na política. “A indignação é enorme com todo estes ataques e desprezo com a vida do povo brasileiro, a rejeição a Bolsonaro é muito grande entre jovens e mulheres, então o estímulo é ainda maior. Não só para se candidatar, mas também para fazer campanha. Isso também acontecerá com quem está estudando, envolvido com a educação, que vem sofrendo muitos ataques do Bolsonaro. Isso tem gerado muita resistência, o que mostra a importância de mobilizarmos bem esses setores e ampliar nossa luta no combate ao governo Bolsonaro”.

A avaliação de Thiago Morbach segue na mesma direção.”A juventude e os estudantes são os segmentos da sociedade que mais rejeitam a política de Bolsonaro. São, portanto, os primeiros a se levantar para contra-atacar”, conclui.

Por Priscila Lobregatte

 

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