André Tokarski: juventude é parte da solução e não um problema
Em novembro, o país viverá sua primeira eleição após a chegada da extrema-direita ao poder. Também pela primeira vez, o pleito acontecerá durante uma pandemia. Este cenário, marcado pela catástrofe de um governo que não enfrenta e ainda agudiza os problemas sociais e abandona o povo à sua própria sorte diante da Covid-19, afeta sensivelmente a camada jovem e socialmente mais vulnerável da população, o que deverá se refletir no posicionamento político da juventude neste ano tanto no que diz respeito ao seu voto quanto ao seu ativismo frente à necessidade de mudança.
Na eleição de 2018, explica André Tokarski, secretário nacional de Juventude do PCdoB, “muitos eleitores, desesperançados com a política, optaram por um caminho extremo, escolhendo mitos, ‘salvadores da pátria’, juízes super-heróis, que trariam uma solução mágica para a crise. E o que vimos, na realidade, é o oposto. No primeiro trimestre de 2020 — período com, ainda, pouquíssimos efeitos captados da pandemia — o Brasil decresceu, seu PIB caiu 2,7%”. Ou seja, diz, “todo aquele discurso ruiu e o efeito disso para a juventude é muito preocupante. Temos um alto índice de evasão escolar e de desemprego e está escancarada a extrema precariedade e as condições muito abaixo da dignidade com que grande parte das famílias brasileiras ainda vive”.
Por isso, André avalia, “é muito importante a juventude estar atenta e mobilizada — já que compõe em média 40% do eleitorado do país — e procurar se envolver em candidaturas que defendam a vida, a democracia, a liberdade e a dignidade, o que significa emprego e renda, acesso à educação de qualidade, à saúde pública, a creches…Essas questões são elementares e precisam voltar a comover as pessoas porque a situação exige reação do Estado, no sentido da valorização do serviço público, o que é o oposto do que Bolsonaro e seus aliados defendem para o país”.
Neste sentido, o dirigente avalia que a juventude deve ser “a grande interessada nas questões que envolvam o futuro do país, os governos que vão assumir, os programas econômicos, a agenda de direitos sociais incorporada por esses governantes porque a maior parcela depende disso”.
Direito à vida
André Tokarski enfatiza que “a juventude deve ser vista como parte da solução e não como um problema. E como parte da solução, a primeira regra é ter a juventude viva, ou seja, é urgente defender o direito à vida dos nossos jovens com quem, particularmente no caso da juventude negra, o Estado tem falhado ou se omitido, sendo, em muitos casos, cúmplice de uma política de extermínio. E o direito à vida, especialmente numa situação de pandemia, deve ser colocado, sem dúvida, em primeiro lugar num programa de propostas”.
Além disso, o dirigente explica que é imprescindível que a vida tenham dignidade. “Isso significa usufruir dos direitos sociais, dos frutos econômicos da produção social, ou seja, participar da riqueza nacional, ter direito ao trabalho digno, à escola, à educação de qualidade, a creche com vagas suficientes para todas as crianças filhas de mães e pais trabalhadores. Por isso é tão importante que a juventude participe. Temos hoje pouco menos de 50 milhões de jovens no Brasil que podem ser uma geração perdida se essa situação não mudar”.
Ação inovadora
Apostando na força transformadora da juventude, o PCdoB tem investido em caminhos diferentes para envolver a essa fatia da população. “Para essas eleições de 2020, o partido teve uma ideia muito inovadora que foi o lançamento do Movimento 65, que apresenta a possibilidade de filiação democrática de jovens, trabalhadores, mulheres, LGBTs, ativistas, militantes do movimento social, da causa progressista e democrática, dos direitos sociais, da soberania nacional, da defesa do trabalho, de maneira que todos esses segmentos puderam se reunir e participar das candidaturas do PCdoB nas mais variadas cidades”.
André diz que essa aposta “deu tão certo que o PCdoB vai lançar, junto com o Movimento 65 e com o Movimento Comuns, mais de 15 candidaturas às prefeituras nas capitais, com grande destaque para a juventude”. Ele cita como exemplo a gaúcha Manuela D’Ávila, oriunda do movimento estudantil e da UJS, e que lidera as pesquisas na disputa em Porto Alegre. “Ela é uma referência para a juventude, para a UJS, para a JPL, porque representa as pautas mais contemporâneas e mais sensíveis a uma grande diversidade de jovens e mulheres, de trabalhadores e trabalhadoras, que se identificam com as lutas democráticas e querem apoiar e se engajar porque enxergam na eleição de jovens, mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, o compromisso com a democracia e com a possibilidade de ter o Estado como aliado e não como um adversário ou inimigo para a realização dos direitos sociais mais básicos”.
André também cita, como exemplo, Rubens Júnior, candidato à prefeitura em São Luís, “um jovem talentoso e dedicado”; Olívia Santana, “que tem forte relação popular e identidade com a juventude”; o deputado federal Orlando Silva, que disputa em São Paulo, e Wadson Ribeiro, em Belo Horizonte, ambos ex-presidentes da UJS e da UNE. “Temos uma seleção de candidaturas dedicadas às causas populares e da juventude. Certamente, a juventude irá eleger jovens do PCdoB apoiados pela UJS e JPL porque esta é uma realidade que já está posta: o engajamento e a participação da juventude, se adaptando a essa situação da pandemia”.
O secretário também destaca como um dos fatores de aglutinação e mobilização do PCdoB o desempenho do governador Flávio Dino, do Maranhão. “Ele mostra como age um governante comprometido com a democracia, com os direitos sociais e da juventude e demonstra que é possível sim governar com diálogo, respeitando as entidades estudantis, e não criminalizando, ameaçando e perseguindo. Além disso, já entregou centenas de escolas dignas que promovem os direitos da juventude, busca a redução da violência e a geração de empregos para os jovens. O PCdoB tem nele um ótimo exemplo de que é possível administrar bem e sendo o melhor parceiro que a juventude pode ter neste momento de crise, pandemia e de tanta desesperança”.
Por Priscila Lobregatte