Em 2021, apenas 15,8% dos reajustes salariais no setor privado tiveram ganho real, acima da inflação, segundo um levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No ano passado, 47,7% das negociações salariais ficaram abaixo da inflação – medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE, que fechou 2021 em 10,16%. Esse foi o pior resultado em quatro anos, desde que o Dieese começou, em 2018, a avaliar as negociações inseridas na base de dados do Mediador do Ministério do Trabalho.

Já 36,6% dos acordos empataram com a inflação. O Dieese informou, ainda, que o reajuste médio de 16,3 mil negociações, que foram concluídas e inseridas até 6 de janeiro na base de dados, ficou em 0,86% abaixo da inflação.

“A taxa de inflação, assim como o nível de atividade econômica e o de emprego, é fator que influencia fortemente o desempenho das negociações salariais”, destaca o Dieese em nota. Para o sociólogo e técnico responsável pelo Sistema de Acompanhamento de Contratações Coletivas do Dieese, Luís Ribeiro, desde 2018, com o crise econômica, agravada pela pandemia e a alta do desemprego, a situação ficou pior para o trabalhador.

Dieese

Com a maior parte dos acordos salariais abaixo da inflação não há como a economia brasileira sair do atoleiro. Sem dinheiro na mão dos trabalhadores, o consumo cai e o endividamento cresce, diante dos desatinos de Bolsonaro, que afundaram o país na crise atual em que estamos.

Por setores, 21,5% dos resultados da indústria, 15,4% do comércio e 11,5% dos serviços resultaram em ganhos reais aos salários. Reajustes iguais à inflação foram observados em 43,4% das negociações da indústria, 52,9% das negociações do comércio e 28,1% das negociações nos serviços. Dessa forma, resultados abaixo da inflação representaram em torno de 1/3 das negociações nos dois primeiros setores, e atingiram a marca de 60,4% nos serviços.