Hidroxicloroquina não causa melhora e traz riscos aos doentes de Covid-19

O governo da França proibiu por decreto, na quarta-feira (27), a utilização da hidroxicloroquina para tratar doentes de coronavírus, depois que o Comitê de Saúde Pública e a Agência de Fármacos de Paris, os dois organismos responsáveis pela saúde pública no país, seguindo as observações da Organização Mundial da Saúde, OMS, se declararam contrários à utilização da substância devido a que não está demonstrada sua eficácia e traz risco cardíaco.

“Seja em consultas ou no hospital, esta molécula não deve ser prescrita para pacientes afetados pela Covid-19”, afirmou o ministério da Saúde, depois da publicação do decreto de proibição no Diário Oficial.

As autoridades francesas se referiram a estudos publicados nas últimas semanas sobre o uso do medicamento para o coronavírus como tratamento único ou em associação com outros medicamentos.

A revista médica “The Lancet” destacou a ineficácia da hidroxicloroquina e a cloroquina no tratamento da Covid-19. O estudo com 96 mil pacientes confirmou as pesquisas que indicam que, além de não favorecer a recuperação dos infectados, as substâncias provocam um risco maior de morte e de desenvolvimento de arritmia cardíaca.

A taxa de mortalidade dos pacientes tratados com hidroxicloroquina foi semelhante à dos que não tomaram o medicamento, assim como à das pessoas que receberam hidroxicloroquina combinada com o antibiótico azitromicina.

Ainda segundo os autores do estudo, os pacientes que tomaram a combinação de medicamentos tiveram duas vezes mais chances de sofrer parada cardíaca durante o período de análise.

Em editorial, a revista New England Journal of Medicine (NEJM), se referiu a estudo realizado pelo Presbyterian Hospital de Nova Iorque o qual também concluiu que, além de não ser eficaz contra o coronavírus, a droga, usada indiscriminadamente, pode provocar graves complicações cardíacas.

Para chegarem nesta conclusão, os médicos contaram com dados de pacientes que foram hospitalizados em decorrência da Covid-19. Ao todo, foram avaliadas 1.376 pessoas. Dessas, 811 receberam hidroxicloroquina e 565 não. Conforme revelaram os autores, dos 811 que usaram hidroxicloroquina, 262 tiveram como desfecho a entubação ou morte. No outro grupo, 84 evoluíram para entubação ou morte.

Após os estudos publicados, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu suspender temporariamente na segunda-feira o uso da hidroxicloroquina em pesquisas que ela coordenava com cientistas de 100 países.

A Agência de Medicina da Itália (AIFA) também suspendeu a autorização de uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19 fora de testes clínicos.