Nesta terça-feira (12) completaram-se quatro anos do afastamento de uma presidenta mulher eleita democraticamente no nosso país. Foi o início daquilo que seria um golpe parlamentar. No dia 12 de maio de 2016, com apenas 22 votos contrários ao seu afastamento, o Senado Federal, em uma manhã de uma sessão que iniciou praticamente 24 horas antes, afastou a presidenta Dilma Rousseff.

Por Vanessa Grazziotin*

O afastamento tornou-se definitivo a partir do momento em que o próprio Senado aprovou o impeachment, o qual o Brasil e o mundo sabem que efetivamente foi um golpe, porque não houve qualquer crime comprovado que tivesse sido cometido pela presidenta Dilma.

Foram acusações vazias, em cima de ações que eram corriqueiras em todos os mandatos presidenciais. Ou seja, a prática adotada pela presidenta Dilma, que levou à cassação do seu mandato, eram as mesmas práticas adotadas pelos ex-presidentes da república, seja de Itamar Franco, Lula ou Fernando Henrique Cardoso.

Enfim, foi uma desculpa, um caminho que encontraram para não apenas retirar uma presidenta, mas para mudar o projeto de Brasil, o projeto político, o projeto econômico e o projeto social.

Eles queriam que o Brasil voltasse a aplicar o projeto neoliberal, que é um projeto que favorece ao grande capital e aos países desenvolvidos, em detrimento do nosso próprio país, em detrimento da nossa própria população e da nossa soberania.

Foi a partir daí que nós vimos, com a saída da presidenta Dilma, o início da aprovação de uma série de reformas, as quais todas elas são ruins para o Brasil e para o povo.

Começaram pela reforma trabalhista, acabando com a CLT e com os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras. Na sequência, aprovaram a Emenda Constitucional 95, que estabeleceu o teto de gastos no setor público.

Um teto que, só da saúde pública do SUS, retirou em 2 anos, mais de 22 bilhões de reais. Mas continuaram. Aprovaram a reforma da previdência, retirando direitos dos aposentados e dificultando o acesso à aposentadoria, assim como diminuindo o valor recebido para homens, mas principalmente para as mulheres.

Seguiram nas privatizações e no desmonte da nossa política externa. Seguiram acabando com a política de colchão social que visava garantir o mínimo àqueles e àquelas que mais precisam. Programas importantes como o Minha Casa Minha Vida e o Mais Médicos, foram completamente destruídos. Tudo isso, de Temer, até agora com Bolsonaro.

Portanto, nós temos que ter bem presente esta data, que foi o início de tudo, quando o Senado Federal acatou e decidiu pela abertura do processo e afastou a presidenta Dilma. Lembrarmos disso para que possamos continuar na luta.

Uma luta dura, difícil e que não é só uma luta contra Jair Bolsonaro. É uma luta contra um projeto maior, o qual serve Jair Bolsonaro. Um projeto que está transformando novamente o Brasil no país dos pobres.

Caminhamos agora em direção ao mapa da fome do mundo, o qual deixamos em 2014. O que para nós é uma tristeza muito grande. E assistimos diariamente o presidente da república zombar de dezenas de milhares de pessoas que estão perdendo as suas vidas para este vírus nesta pandemia do coronavírus.

Então precisamos resistir, precisamos continuar uma luta que é em defesa do Brasil, mas que é em defesa de nossa gente e em defesa da vida.

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