Luciano Siqueira é vice-prefeito do Recife e membro do Comitê Central do PCdoB
 Verifica-se nas hostes do PCdoB uma benéfica “cultura tática”, que recomenda sempre amplitude na construção de alianças — seja na luta política geral, seja nas lutas setoriais e localizadas — visando a reforçar as possibilidades de êxito em torno de determinados objetivos de curto ou médio prazo; e, ao mesmo tempo, a preservação e a afirmação da independência e da identidade própria do Partido.

Por Luciano Siqueira*

Uma cultura positiva, que aponta para um ação prática consequente.

Entretanto, o dimensionamento de objetivos e possibilidades no curso da luta concreta frequentemente é contaminado por percepções meramente imediatistas, deixando escapar, assim, um elemento essencial da tática: o acúmulo de forças tendo em vista o objetivo estratégico concebido no horizonte político de médio longo prazo.

 Dito de outra forma, isto quer dizer ausência de uma visão “programática” — no sentido do Programa Socialista do PCdoB — na abordagem da luta imediata. Que poderia ocorrer em nossos projetos eleitorais para outubro próximo, por exemplo.

Na coletânea de textos de Renato Rabelo “Ideias e rumos” ( Editora Anita Garibaldi, 2009 ) há um exercício preciso dessa visão programática a que me refiro, em cada tempo político vigente, sinalizando o caráter vivo e dinâmico da tática, sujeita a sucessivos ajustes conforme o evolver da conjuntura política mundial e nacional.

Feitas essas observações introdutórias à discussão que devemos desenvolver neste grupo*, cumpre assinalar a absoluta necessidade da práxis revolucionária tão insistentemente defendida por Lênin. Num partido como o PCdoB, que se move em função do seu projeto estratégico – a superação do capitalismo pelo socialismo – jamais se poderá subestimar o debate teórico, político e técnico no curso da luta concreta, a nenhum pretexto.

 Do contrário, no exercício permanente e multifacetado da direção partidária ou dos movimentos de massas ou da gestão pública não se terá a devida consideração da correlação de forças, da necessidade de agregar aliados os mais diversos, suscetíveis a acordos temporários e circunstanciais, de neutralizar os que porventura não possam marchar em nosso campo — para isolar e enfraquecer e derrotar o inimigo principal. Isto sem perder o critério de classe (antídoto ao reformismo social-democrata) e a visão de futuro traduzida no acúmulo de forças (construção do Partido em especial).

A última resolução política do Comitê Central, por exemplo, que tem como focos imediatos derrotar Bolsonaro e defender a vida dos brasileiros mediante ampla frente de salvação nacional capaz de inverter os rumos do País, uma vez vitoriosa significará importante acúmulo de forças.

*Texto de referência em grupo de WhatsApp do Comitê Estadual do PCdoB-PE destinado exclusivamente ao debate teórico e político.

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