A única medida eficaz para evitar o crescimento sem precedentes da pandemia do coronavírus, enquanto não se descobre uma vacina contra a doença que já afeta quase todos os países do planeta, é ficar em casa, adotar isolamento social, recomendado pela comunidade científica e pela Organização Mundial de Saúde. O Brasil, no entanto, segue na contramão e lamentavelmente muitas pessoas estão voltando às ruas, expondo-se ao perigo de riscos graves de um vírus que se espalha com extrema facilidade e pode levar à morte.

Por João Paulo*

O mais assustador é que o retorno a uma ilusória normalidade, em nome do funcionamento pleno da economia, é defendido pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, um homem que nega a ciência e acredita em fórmulas mágicas de cura que só existem em sua imaginação. Estamos lidando com uma forma severa de pneumonia, que já vitimou milhões de pessoas no mundo. No Brasil, onde o crescimento é vertiginoso, centenas de pessoas morrem num único dia e já temos 33.682infectados e 2.141 mortos, até hoje.

Bolsonaro tem investido contra a quarentena, como se fosse um aliado do coronavírus, e muitos estão saindo de suas casas, enchendo as ruas, contribuindo não apenas para a disseminação da Covid-19, mas para o colapso da rede de atendimento à saúde pelo acúmulo de casos.  No Amazonas, por exemplo, 95% dos leitos de UTI e respiradores da rede pública já estão ocupados e outras capitais brasileiras seguem no mesmo ritmo, apontando para um colapso e a uma situação em que não haverá mais condições de atender pacientes, como ocorre no Equador, onde gente morre nas ruas, como num filme de terror.

Enquanto Bolsonaro e seus ministros indicam drogas milagrosas sem comprovação de eficácia, fazendo propaganda farmacêutica, um estudo publicado esta semana nos Estados Unidos indica que o grau de contágio do novo coronavírus é muito maior do que se imaginava: uma única pessoa infectada pode transmitir o vírus a 5 ou 6 pessoas. Sem quarentena, o número de casos pode dobrar, ficar sem controle e fora das condições de atendimento dos hospitais. Além dessa constatação dos cientistas,  faltam respiradores e outros suprimentos médicos necessários ao combate à doença.

O quadro neste momento é de grave risco, em que a curva da Covid19 não mostra sinais de achatamento em face do desrespeito à quarentena. O presidente da República, em lugar de proteger as pessoas, foge de suas responsabilidades e age de forma irresponsável dando mau exemplo ao participar de manifestações e frequentar lugares públicos, movido por razões ideológicas obscurantistas e abertamente contra a razão e a ciência. E numa ausência total de bom senso, demite o ministro da saúde no clímax da pandemia.

Num momento como este não devemos seguir a orientação presidencial. Ela é uma ameaça à saúde. Quem não estiver em funções essenciais e de combate à doença deve e precisa ficar em casa, como tem orientado nossas autoridades estaduais. Só assim evitaremos mais casos e mais mortes e desafogaremos o sistema hospitalar, que já está em seu limite.

Aproveito para aplaudir e homenagear todas as equipes e pessoas que estão dia e noite cuidando de cada um de nós e celebrar a existência do Sistema Único de Saúde no Brasil. A pandemia que atinge o planeta deixa ainda mais claro a importância do SUS. Minha gratidão e solidariedade aos profissionais de saúde que estão na linha de frente na luta contra o coronavírus. São vocês que não podem ficar em casa, junto com as suas famílias, para cuidarem das nossas. Que para salvar vidas, arriscam as suas próprias e que, muitas vezes, também são vítimas desse vírus. São vocês que carregam o peso da responsabilidade de lutar contra o ainda desconhecido, contra o medo, contra a possibilidade do caos. São vocês a esperança de cada um de nós, rico ou pobre, aqui no Brasil ou em qualquer parte do mundo!

Fique em casa e lute pela democracia, sempre!

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