Por Mariana Moura*
Este fim de semana assisti muita gente comemorando a soltura de Lula como se este fato fosse resolver os problemas do Brasil.
Eu gostaria de lembrar que foi sua ação ativa contra forças progressistas, mesmo antes das eleições do ano passado, que abriu caminho para o nosso país chegar à beira do precipício. Ao minar a candidatura do único candidato que, em 2018, tinha chances de derrotar o antipetismo cristalizado na figura patética de Bolsonaro.
E, pior, hoje ainda, age para desconstruir a frente ampla necessária para garantir a democracia no nosso país.
Lula está jogando no quanto pior, melhor. Para ele, quanto mais tempo Bolsonaro ficar no poder, mais vai se desgastar, e mais ele próprio, Lula, será mitificado.
Nós, democratas, temos uma tarefa fundamental neste momento.
A libertação do nosso povo passa necessariamente pela derrota dos capachos dos Estados Unidos que tomaram o poder em Brasília.
O PT não reúne as condições necessárias, nem tem a vontade política para fazer isso.
Não podemos esquecer que, em menos de um ano, nosso país sofreu com três grandes crimes ambientais que ceifaram e ainda ceifam centenas de vidas.
Os moradores de Brumadinho foram os primeiros, mas não são os únicos afetados por barramentos mal feitos e milhares de pessoas ainda correm risco de vida pelo país inteiro.
Os moradores da região afetada pelas queimadas na Amazônia foram os primeiros, mas a ausência da umidade que vem da floresta pode provocar prejuízos incalculáveis para a produção de alimentos no Sudeste brasileiro.
Os pescadores e conterrâneos que vivem do turismo das praias nordestinas são os primeiros, mas a cadeia econômica que foi quebrada pela chegada do óleo vai levar anos para ser reerguida. E quanto mais o governo demorar para reagir, piores serão as consequências.
Os reflexos destes crimes continuam matando por intoxicação, provocando a fome, a miséria e a desesperança. São resultados diretos do modelo agro-exportador, que superexplora nossos recursos, imposto ao nosso país pela divisão internacional do trabalho.
Precisamos debater com o nosso povo o fato de que cada crime ambiental deste tem reflexos na saúde pública e na redução da produção e do emprego que duram anos. Precisam ser exemplarmente punidos.
Romper com este modelo exige que não tenhamos ilusões quanto a pretensos salvadores da Pátria.
O governo Bolsonaro é um governo avesso ao conhecimento e à cultura.
Precisa da ignorância do nosso povo para continuar dominando.
A tarefa que nos é imposta agora é debater com o nosso povo e apresentar um projeto de país, de estado e de cidade que distribua nossas riquezas através do aumento do conhecimento científico e do avanço tecnológico. Em nada parecido com essa baboseira anticomunista, anticientífica e antinacional do clã Bolsonaro.
Para avançar tecnologicamente, para impedir o saque aos nossos recursos, a transferência do suor do nosso trabalho para os países industrializados, é necessário investimento público, do Estado Nacional, como é feito em todos os países que alcançaram níveis mais altos de desenvolvimento.
Os cientistas contam com os trabalhadores e estudantes para continuar produzindo conhecimento.
Os trabalhadores e estudantes podem contar com os cientistas na grande tarefa que será transformar o Brasil em um país mais justo. No qual quem trabalha pode colher os frutos do seu trabalho.
Então, amigos e amigas, quem quiser comemorar a soltura de Lula, que assim o faça. Mas, sem ilusões. Temos muito o que fazer.