
A Lei de Anistia fora promulgada em agosto daquele ano, possibilitando a volta legal ao país de dirigentes como João Amazonas, Diógenes Arruda, Renato Rabelo, e a ação aberta de outros que aqui viviam ou atuavam clandestinamente, como Elza Monnerat, José Duarte, Rogério Lustosa e tantos outros. O Partido continuava proibido de atuação legal e seu órgão central, A Classe Operária, circulava em pequenos grupos de militantes, simpatizantes e era enviado para personalidades democráticas. Mesmo que a atuação partidária continuasse clandestina, era necessário que suas abordagens e propostas fossem amplamente expostas. Para isso, Rogério Lustosa recebeu de seus camaradas do Comitê Central a tarefa de viabilizar a TO.
A partir de então, até sua última edição (362), datada de 30 de maio a 5 de junho de 1988, o jornal passou de quinzenário a semanário, atingiu dezenas de milhares de exemplares, foi duramente perseguido pelos esbirros militares e civis a serviço da ditadura – que colocaram bombas em suas sedes e em bancas de revista que os vendiam, perseguiram seus redatores e apoiadores, proibiram a circulação de suas edições (que, mesmo assim, chegavam aos leitores, clandestinamente) e, enfrentando as dificuldades econômicas, políticas e repressivas, levou a mensagem do PCdoB às ruas.
Passados 40 anos, a importância da TO é marcante na trajetória da resistência democrática e da luta proletária pelo socialismo. Cumpriu o papel de reorganizador do PCdoB, que lhe foi determinado pelo Comitê Central, esteve a serviço da atuação comunista no movimento sindical, estudantil e comunitário. Propiciou a retomada de contato de militantes esparsos pelo país, interrompido devido à cruel e assassina repressão patrocinada pela ditadura militar, favoreceu a adesão e ajudou na formação revolucionária de novos ativistas. Auxiliou no desafio de organizar a vanguarda revolucionária na luta pela reconquista da democracia, sendo atuante em todas as aspirações que o país vivenciou no período, como o avanço do sindicalismo, a reconstrução da União Nacional dos Estudantes e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, a batalha pelas eleições diretas e pela Assembleia Constituinte livre e soberana e em defesa da arte e cultura progressistas. Divulgou e apoiou, igualmente, a atuação internacional dos trabalhadores em suas demandas de classe e ações revolucionárias.
Muitas das pessoas que atuaram na TO, redigindo, divulgando, distribuindo o jornal, continuam na luta pelos avanços sociais, políticos e econômicos do Brasil e pelo socialismo. Alguns, como Amazonas e Dynéas Aguiar – que acompanhavam de perto o dia a dia da publicação –, Rogério Lustosa, Elza Monnerat, já não estão entre nós. Outros carregam o orgulho de terem sido tribuneiros – como eram chamados à época – e, nas novas condições e cenários surgidos nestes quatro decênios, mantêm acesa a chama da conquista de uma sociedade mais justa e solidária.
A Tribuna Operária, fiel às orientações do PCdoB, semeou liberdade, democracia, soberania, socialismo. Sem perder a ternura, jamais!