Jair Bolsonaro (sem partido)

A avaliação de que o governo Bolsonaro é ruim ou péssimo subiu 8,3 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em outubro de 2020, segundo pesquisa feita pela MDA, encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), e divulgada nesta segunda-feira (22).

Foram ouvidas 2.002 pessoas presencialmente em 1.367 municípios de 25 unidades da federação entre os dias 18 e 20 de fevereiro.

A pesquisa mostrou que, além do crescimento dos que acham o governo ruim ou péssimo, caiu também nove pontos percentuais o contingente de brasileiros que consideram o governo bom ou ótimo. Neste período permaneceu quase inalterado os que acham que o governo Bolsonaro é regular. Uma queda de 0,1 pontos percentuais. Os que consideram o governo ruim ou péssimo variou de 27,2% para 35,5%, bom ou ótimo caiu de 41,2% para 32,9% e os que acham o governo regular foi de 30,3% em outubro para 30,2 em fevereiro deste ano.

A avaliação do desempenho pessoal de Bolsonaro mostrou que neste período também houve uma elevação dos que desaprovam a sua forma pessoal e insana de conduzir o governo. Em outubro Jair Bolsonaro era desaprovado por 43% dos entrevistados. Hoje esse índice subiu 8 pontos e já são 51% os que não concordam com sua maneira de se conduzir. Na mesma época, 52% dos entrevistados aprovavam sua atuação e agora esse número caiu oito pontos percentuais – para 44%.

Como outras pesquisas já mostraram, a atuação irresponsável do governo diante da tragédia representada pela pandemia de Covid-19, que já matou quase 145 mil pessoas em um ano, é uma das causas da piora da avaliação do governo Bolsonaro. O número dos que desaprovam o governo neste quesito subiu de 39,1% em outubro para 42% agora. Os que aprovam a condução de Bolsonaro caiu de 57,1% em outubro para 54,3% em fevereiro.

A CNT/MDA mostrou que 37,5% dos entrevistados acham que quem mais está colaborando no combate à pandemia são as instituições de pesquisa, Instituto Butantan e Fiocruz. Apenas 16,6% dos entrevistados acham que é Jair Bolsonaro quem está fazendo mais na luta contra a pandemia. Como presidente, seria natural que fosse ele a liderar esta luta. Mas, o que ocorre é exatamente o contrário.

ATRAPALHA

Bolsonaro só tem atrapalhado – e muito – a luta contra a Covid-19. Desde o início da pandemia, ele chamava a trágica doença de “gripezinha”. Foi contra o uso de máscaras e disse que quem usava e se defendia do vírus era “marica”. Promoveu diversas aglomerações e ajudou muito a espalhar o vírus assassino por todo o país.

Quando o número de mortos subiu, ele disse: “e daí? O que você quer que eu faça? Eu não sou coveiro”.

Ele sabotou e segue sabotando as vacinas contra a Covid-19. Atacou a vacina do Butantan. Atrasou a sua compra o quanto pode. Demorou para autorizar seu ministro da Saúde, o general Pazuello, a assinar o contrato de compra. O resultado é que o Brasil foi o 57º país a iniciar a vacinação e o governo não vacinou ainda nem 4% da população.

Foi esse comportamento insano de Bolsonaro e de seu ministro da Saúde que resultou na falta de oxigênio em Manaus, levando à morte dezenas de pessoas por asfixia, além da insistência dos dois no uso da cloroquina, medicação ineficaz contra a Covid-19, enquanto mantêm uma criminosa inação na compra de vacinas.

Com isso, cresce a desesperança em relação à saúde. Subiu de 27,2% para 38,3% os que acham que a saúde do país vai piorar. Só 5,4% dos entrevistados acham que haverá vacina suficiente em março.

ANTIVACINA

A pesquisa mostrou também que a campanha criminosa contra as vacinas conduzida por Bolsonaro e seus seguidores cada vez atinge menos pessoas. Somente 16,7% das pessoas entrevistadas disse que não vai tomar vacina. 62,8% disseram que vão se vacinar com qualquer vacina. 9,5% só querem se vacinar com a CoronaVac e 3,8% só querem a vacina da Oxford/AstraZeneca. 3,2% já foram vacinados e 4% não sabem ou não quiseram responder.

O atraso na vacinação e a piora dos números de internações e mortes nas últimas semanas, bem como a falta de ajuda federal aos municípios, gerou um desânimo em relação à recuperação dos empregos e da renda. Em outubro 30,1% achavam que o desemprego iria piorar nos próximos seis meses. Agora já são 40% os que avaliam que o desemprego vai piorar. Em outubro, 20,7% consideravam que a renda ia piorar, agora já são 24% os que apontam que a renda vai cair.

Como o governo não toma providência, a Educação também enfrenta dificuldades. Além das perdas de uma geração inteira – principalmente os mais pobres – que ficou sem aulas, o governo reduziu os investimentos no setor ao nível mais baixo dos últimos 11 anos. Em outubro, 28,1% achavam que a Educação ia piorar. Agora, já são 33,8% que pensam desta forma.

EMERGENCIAL DE R$ 600

Diante do corte pelo governo do auxílio emergencial de R$ 600 que o Congresso Nacional aprovou, a maioria dos entrevistados é pela permanência deste instrumento em 2021. 70,2% dos entrevistados defende que a ajuda emergencial deve permanecer em 2021 e o valor deve ser de R$ 600.

O governo já não queria nem os R$ 600 de ajuda na primeira fase da pandemia. Ele admitia apenas R$ 200. Teve que engolir a decisão do Congresso Nacional. No final do ano, Bolsonaro reduziu para R$ 300 e depois cancelou tudo. Agora, como a pressão da sociedade é grande, o governo volta a defender apenas R$ 250. E mesmo assim condicionados a cortes de gastos públicos e arrocho salarial de servidores, inclusive dos que estão na linha de frente do combate ao coronavírus.

Somente 16,6% dos entrevistados consideram que o valor da ajuda emergencial deve ser menor.

A pesquisa revela também que 68,2% são contra os decretos de Bolsonaro ampliando o acesso às armas de fogo. Entre os entrevistados, 74,2% afirmaram que não têm interesse em adquirir armas e somente 19,7% gostaria do acesso. Esse resultado mostra que a insistência de Bolsonaro em estimular e facilitar a compra de diversas armas por uma única pessoa tem o objetivo de atender uma ínfima minoria de milicianos e bandidos que pregam a violência como forma de resolver os conflitos sociais.