A quarta manifestação da Campanha Fora Bolsonaro, no último (24), avançou em termos de capilaridade e foi a maior em número de atos organizados. Segundo os organizadores do 24J, houve ao menos 509 protestos em cidades do Brasil e do exterior, reunindo cerca de 600 mil pessoas.

“É difícil comparar números, mas eu diria que os atos vêm numa crescente. A pandemia representa um obstáculo para que as manifestações sejam mais massivas, mas não vejo uma tendência de arrefecimento”, disse à DW Brasil o professor João Feres, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp).

Para o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), temas como a crise econômica e o desemprego em alta têm despertado nos brasileiros a intenção de sair às ruas e defender o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. “Se está ruim, pode ficar pior. Qual a solução? Lutar”, declarou Orlando em entrevista conjunta ao Brasil de Fato e à TVT, ainda no sábado, durante o ato na Avenida Paulista

“Temos de, com todo o cuidado, lotar as ruas, pressionar o Congresso Nacional, pressionar o presidente da República e exigir mudança. É necessário termos um caminho para geração de emprego e renda”, agregou o parlamentar do PCdoB. “Nós temos que gritar bem alto: ‘Ditadura nunca mais!’.”

A Avenida Paulista contou com 11 carros de som, espalhados por oito quarteirões da via. Um dos pontos que mais sobressaíram foi o Bloco Democrático, que, além de partidos de esquerda e entidades dos movimentos sociais, contou com forças como PSDB, Cidadania e Solidariedade. As centrais sindicais também tiveram caminhão de som próprio. Assim, o 24J foi também mais representativo e diversificado, na medida em que prevaleceu a busca de uma frente ampla, pró-democracia e anti-Bolsonaro.

Para entidades e coletivos que participam da Campanha Fora Bolsonaro – como a Frente Brasil Popular, a Frente Povo sem Medo e a Coalizão Negra Por Direitos –, os próximos atos devem crescer. A agenda a ser definida deve coincidir coma retomada da CPI da Covid-19, que foi temporariamente suspensa em virtude do recesso no Senado.

A Comissão Parlamentar de Inquérito foi instalada em abril para apurar as omissões do governo Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Embora não possa por ora fazer audiências, a CPI tem se dedicado, em pleno recesso parlamentar, a analisar os documentos recebidos nos primeiros meses de trabalho. Os senadores devem retomar os depoimentos em 3 de agosto.