2021 encerrou com um aumento recorde no total de famílias endividadas
O ano 2021 encerrou com um aumento recorde no total de famílias endividadas no Brasil. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio, divulgada nesta terça-feira (18), o índice alcançou a média de 70,9% das famílias brasileiras, a maior proporção em 11 anos. A cada 10 famílias, sete contraíram algum tipo de dívida com o sistema financeiro em 2021.
“O percentual de famílias com dívidas apresentou tendência de alta ao longo de todo o ano, pronunciadamente a partir de maio, passada a segunda onda da pandemia de covid-19. Em dezembro, a proporção de endividados alcançou o patamar máximo histórico para os meses consecutivos, 76,3% do total de famílias”, diz o estudo.
A pesquisa da CNC ressalta que “o início de 2022 é marcado pelo alto endividamento, em que os consumidores seguirão enfrentando os desafios financeiros da segunda metade de 2021, principalmente inflação e juros elevados, assim como o mercado de trabalho formal ainda frágil. Soma-se a isso o vencimento de despesas típicas do primeiro trimestre, as quais apertarão ainda mais os orçamentos domésticos neste período”.
O comprometimento médio da renda com o pagamento mensal das dívidas cresceu como reflexo do incremento do endividamento e da inflação ao consumidor, em que o indicador alcançou a média de 30,2% no ano.
A pesquisa aponta ainda que os juros médios nas linhas de crédito com recursos livres aos consumidores saltaram de 37% em dezembro de 2020, para aproximadamente 44% no fim de 2021, resultado da elevação das taxas de juros pelo Banco Central, comprimindo ainda mais o orçamento doméstico, com a inflação alta e sem ganhos reais nos rendimentos. Destacando que as famílias de mais baixa renda buscaram crédito para completar o orçamento corroído pela inflação e queda na renda.
De acordo com o estudo, o indicador de contas em atraso acirrou no último trimestre encerrando o ano em 26,2% das famílias, acima da média anual (25,2%), indicando tendência de alta no início deste ano.