“O movimento que estamos construindo para o 1º de Maio de assemelha ao movimento das
Diretas Já”, afirmou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, em
entrevista ao HP nesta quarta-feira, 29.
As Centrais preparam uma ação por meio das redes sociais, que terá a participação de diversas
personalidades políticas, como os ex-presidentes FHC e Lula, e os presidentes da Câmara e do
Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre.
Também estarão presentes entidades como OAB, ABI, OMS, UNE, ANPT e a CNBB. O Papa
Francisco também está convidado para passar uma mensagem aos trabalhadores brasileiros.
“Quero valorizar a unidade das centrais, é muito importante, mantendo a chama do 1º de
Maio acessa. A ideia desse 1º de Maio é ser o mais amplo o possível, porque a crise que
estamos passando é muito forte e, com esse governo, a cada dia que passa, ela aumenta”,

declarou também ao HP Miguel Torres, presidente da Força Sindical e também do Sindicato
dos Metalúrgicos de São Paulo.
De acordo com Miguel, “não dá mais para ter um governo que desdenha do povo, que faz
chacota. Ontem Bolsonaro disse ‘E daí?’ para o fato de terem morrido mais de 5 mil pessoas.
Isso mostra como o presidente da República está tratando o povo. Eu estou defendendo a
renúncia imediata desse governante, até porque um processo de impeachment demora”.
“Sabemos que tem políticos que defendem abertamente ‘vamos deixar sangrar para depois a
gente resolver’, mas quem está sangrando é o povo e a gente não pode mais perder tempo.
Precisamos colocar o Brasil no rumo.  Se é verdade o que ele [Bolsonaro] diz por aí que ‘ama o
Brasil’ ele pode provar isso renunciando”.
“Precisamos valorizar a unidade dos trabalhadores, sem unidade nós não vamos a lugar
nenhum. É hora de sair do buraco para disputar ideologicamente o que nós pensamos lá na
frente. É hora de sair do buraco e manter a população viva e ativa, é isso que estamos
querendo”.
“Na atividade vamos mesclar cantores em Live ou gravados, com o depoimento de lideranças
sindicais cobrando que os políticos do Brasil tenham mais atenção com os trabalhadores”.
De acordo com Miguel, “temos uma pauta de maior atenção aos trabalhadores que estão na
linha de frente com dos serviços essenciais  que não são só os médicos, enfermeiros, técnicos
de enfermagem, recepcionistas [dos hospitais], mas também frentistas, borracheiros, condutor
de ônibus, os trabalhadores do comércio como farmácia, padaria, supermercado, etc. Então é
muito amplo esse leque de serviços especiais e estamos nesse momento exigindo que nesse
momento de emergência, o governo tenha um tratamento especial para quem está na linha de
frente”.
“Também estamos trabalhando para a manutenção dos direitos dos trabalhadores, você que
toda hora tem paulada nas costas dos trabalhadores. Estamos trabalhando sobre as Medidas
Provisórias 927 e 936, que já estão para ser votadas nessa semana ou na próxima”.
Para o presidente da Força, essas medidas seriam para combater a crise, “mas aprofundam
porque tiram os sindicatos das negociações, diminuem as fiscalizações dos sindicatos sobre os
acordos e, nesse momento tirar os sindicatos das negociações aumenta a crise com cada dia
mais empresários querendo extrapolar, como o caso que vimos essa semana os comerciantes
obrigando os trabalhadores a fazer manifestação ajoelhados em Campina Grande [PB]. Isso é o
que o governo quer, que seja negociação individual. Como que negocia comum patrão
desses?”
“Vimos que foi preciso construir essa amplitude com a presença de autoridades e instituições
de todos os campos mostrando que é papel não só do movimento sindical, mas de toda a
sociedade a defesa da democracia. Por isso aglutinaremos todos nesse 1º de Maio para contra-
atacar Bolsonaro, que está afrontando o país”, completou Juruna.
“O Brasil está agonizando com o crescimento da epidemia do coronavírus, com um número de
mortes preocupante. Enquanto isso, Bolsonaro insiste em quebrar as regras do isolamento e
coloca em risco a vida de milhões de brasileiros, tenta a todo custo macular a nossa
democracia e ultrapassa todos os limites do estado democrático de direito, agride o Congresso
e segue com uma política genocida contra toda a população, mas principalmente sobre os
mais pobres”, declarou o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
(CTB), Adilson Araújo.
“O governo foi célere para atender o pleito dos banqueiros, mas segue maltratando o povo.
Inoperante, não conseguiu sequer pagar a primeira parcela do auxílio emergencial, e diz agora
que não sabe se vai pagar a segunda”.

“Esse 1º de Maio se apresenta como uma data histórica, mais ainda por unir todos aqueles que
convergem com essa necessidade de defender a democracia e enfrentar um governo de viés
fascista, com política estritamente ligada ao imperialismo norte-americano”.
“Por isso estamos construindo essa frente ampla para salvar o país. O risco de o país colapsar é
muito grande e só a unidade do povo brasileiro, daqueles que defendem a unidade
democrática, é capaz de planificar as condições de construir um Brasil mais justo”, ressaltou
Adilson.
Para Ubiraci Dantas, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), “será um
1º de Maio em que queremos construir uma ampla frente democrática em defesa da vida e
barrar Bolsonaro com sua política criminosa que está praticando contra os brasileiros. Está
jogando para o povo morrer, e principalmente o povo pobre”.
“Por isso estamos fazendo esse nosso 1º de Maio com essa amplitude que vai além do
movimento sindical, reunindo todos os setores que não concordam com esse caminho traçado
por Bolsonaro”, ressalta Bira destacando que as entidades defendem a alteração dos termos
da MP 936, com o objetivo de garantir trabalho e renda para os trabalhadores durante a
epidemia, assim como garantir aos Sindicatos a participação nas negociações com as empresas
quanto ao afastamento dos trabalhadores.
O 1º de Maio unificado poderá ser acompanhado pelas páginas das centrais sindicais nas redes
sociais a partir das 11h30.