1º de Maio: Centrais da Espanha conclamam à união contra o fascismo
“Nem um voto de trabalhador à extrema direita”, conclamou o secretário-geral da central Comissões Obreiras (CCOO), Unai Sordo, reforçado por Pepe Álvarez da União Geral dos Trabalhadores (UGT) que, ao seu lado, chamou a que “nenhum trabalhador fique em casa para as urnas dos bairros populares se encham de votos e a direita não venha a nos governar com salários de fome”.
Essa foi a tônica dos dirigentes das centrais sindicais no ato unitário do 1º de Maio espanhol que se estendeu por outras 70 cidades do país. O ato em Madri se deu pouco antes das eleições para a Prefeitura da capital previstas para o dia 4.
No ato em Madrid fizeram questão de caminhar lado a lado os candidatos progressistas, Pablo Iglesias (Unidos Podemos), Ángel Gabilondo (PSOE) e Mónica García (Más Madrid).
Seis integrantes do alto escalão do governo espanhol também compareceram ao ato: a primeira vice-presidente, Carmen Calvo; a ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, e ainda os ministros dos Direitos Sociais, Ione Belarra; Transportes, José Luis Ábalos; Igualdade, Irene Montero e Cultura, José Manuel Rodríguez Uribes.
Os participantes, usando máscaras levavam cartazes e faixas exigindo “Cortes Zero”, ou seja, que o governo pare com os cortes nos investimentos públicos e programas sociais e façam retornar dos direitos trabalhistas, em especial o da garantia de negociação coletiva.
Os dirigentes das centrais expressaram este anseio dos trabalhadores dirigindo-se em praça pública diretamente aos governantes presentes e exigindo a revogação das “reformas”, tanto a trabalhista quanto a previdenciária, reajuste do Salário Mínimo, que acabam de congelar e delimitação dos preços e reajustes dos imóveis.
“Chegou a hora de cumprir” as promessas, afirmam os trabalhadores nas ruas da Espanha
Agradecemos a sua presença, vice-presidente, ministros e ministras, assim como dos candidatos, afirmou o dirigente da CCOO, “mas vamos ser exigentes”.
“Chegou a hora de que se cumpram as promessas feitas aos trabalhadores e valorizar os que levaram o país adiante durante a crise, em especial os empregados dos serviços essenciais”, acrescentou Sordo.
“Quando exigimos reajuste do Salário Mínimo, não e porque queiramos moleza, é porque esta gente [apontando aos presentes ao ato] não pode seguir ganhando salários de miséria. Quando pedimos a revogação da ‘reforma’ das aposentadorias e da ‘reforma’ trabalhista é porque falamos da dignidade do trabalho”, declarou ainda o líder sindical.
Sordo concluiu declarando que “a maior vacina contra a extrema direita é refazer o contrato social, é o reconhecimento e a solidariedade com a classe trabalhadora que levou a Espanha a frente na maior crise dos últimos cem anos”.
Ao saudar o retorno dos trabalhadores às ruas, Álvarez, dirigente da UGT, destacou que isto é “para fazer frente à precariedade permanente, a desigualdade instalada e às enormes incertezas que corroem milhões de pessoas, porque a melhor vacina contra a miséria moral da do fascismo é que não possam convencer os mais pobres, os que se veem desacompanhados”.
“Queremos nos dirigir às centenas de milhares de espanhóis que seguem vivendo mal, aos que habitam os 1,2 milhão de lares atingidos pelo desemprego, aos que têm que fazer fila para se manterem vivos aos que estão afetados pelas demissões massivas efetuadas por algumas das grandes empresas do país e pelas firmas do setor financeiro que, depois de tudo que se dedicou para o ‘saneamento’ da banca, o devolvem com demissões”, finalizou Sordo, alertando para as ameaças de demissão pelo BBVA e pelo CaixaBank.
“Chegou a hora de cumprir”, enfatizou finalmente Álvarez, “temos que recuperar a negociação coletiva, pois com a normativa atual não se pode conviver, temos que impedir as demissões seguidas de subcontratações, temos que mudar as atuais leis trabalhistas”.
O representante regional da UGT, Luiz Miguel, foi claro: “Peço o voto nos candidatos progressistas se não os candidatos da direita vão nos tomar mais serviços públicos. A ultradireita não pode entrar em nossa comunidade”.
Jaime Cedrún, da CCOO foi na mesma linha: “Digo a toda a classe trabalhadora que não se deixe enrolar. Votem com os progressistas”.