Em entrevista ao jornal Sul21, a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela d’Ávila, ressaltou que a sua participação no programa Roda Viva, onde foi alvo de ataques machistas, retrata a realidade das mulheres no Brasil. Manuela afirmou que é “revoltante” e alertou que “isso acontece todos os dias com as mulheres, no trabalho, na universidade e em casa”.

Leia a íntegra da entrevista:

Sul21: Como que tu avalia a tua participação no Roda Viva e as perguntas que foram feitas a ti?

Manuela D’Ávila: A minha participação retrata bem a realidade das mulheres no Brasil. O fato do Roda Viva, um programa de televisão com tanta abrangência, ter entrevistado daquele modo uma mulher pré-candidata à presidência fez com que muitas pessoas ficassem indignadas com o tratamento que recebi. Em um ambiente tão violentamente hostil, consegui apresentar propostas consistentes, além de ter lutado o bom combate o tempo todo.

Sul21: Tu percebeu essa hostilidade dos entrevistadores, te interrompendo a todo momento, te fazendo perguntas que não tinham nada a ver com o teu projeto, que vem sendo comentadas nas redes sociais?

Manuela: Por mais que a minha intenção fosse responder todos os questionamentos, não era possível. Como jornalista, sei que não adianta duas pessoas falarem ao mesmo tempo em uma programa de TV. É revoltante o que houve. Mas é assim todo dia com as mulheres, e não só na política: no trabalho, na universidade, em casa. Por isso não quero que pensem e tratem o que aconteceu como uma coisa excepcional. Até porque a palavra excepcional vem de exceção. E o que aconteceu é a regra e não a exceção! É assim que nós mulheres fazemos nossa luta e vivemos nossa vida todo dia.

Sul21: Qual tu acha que foi o objetivo dessa postura dos entrevistados?

Manuela: Foi evidente a estratégia de tentar impedir que eu falasse de projetos. Como as candidaturas conservadoras não têm soluções concretas para os verdadeiros problemas do país, criam falsas polêmicas para poluir o debate sobre o futuro do Brasil.