Homem segura cartaz onde pede ajuda para comer e alimentar e família, em sinal de trânsito da capital, após 1 ano sem emprego do ramo de serviços gerais. | Sérgio Lima/Poder360 02.mai.2022.

Pesquisa produzida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) mostra que 2,5 milhões de pessoas passam fome no Rio de Janeiro, o que corresponde a 15,9% da população do Estado. Os números mostram que houve um aumento de 400% no número de pessoas que não têm o que comer no estado entre 2018 e 2022.

Segundo a pesquisa, 60% das pessoas que vivem no Estado passam por algum tipo de restrição no acesso à alimentação, seja leve, moderado ou grave. Há quatro anos, o percentual era de 32,2%.

O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, pautado a nível nacional e na situação em cada Estado, foi divulgado na quinta-feira (23), durante o Encontro Nacional Contra a Fome, organizado pela Ação da Cidadania no Rio.

Os números revelam ainda que cerca de 70% das pessoas que estão desempregadas sofrem com insegurança alimentar moderada ou passam fome. No caso da insegurança moderada, representa que uma pessoa da família fique sem comer para que outra possa se alimentar, ou que deixe de fazer uma das principais refeições do dia, como almoço ou jantar.

Para o diretor executivo da Ação da Cidadania, Kiko Afonso, o que acontece no Rio de Janeiro é um reflexo do que acontece no Brasil, mas as dificuldades econômicas do Estado agravam a situação.

“Hoje, temos uma pobreza gigantesca no Estado. É um dos estados que mais perdeu empregos no Brasil. Todo esse processo de desassistência a pequenos e médios produtores da área rural, que ocorre em todo o país, causa uma migração em massa das pessoas do campo para as cidades urbanas. E isso traz ainda mais desigualdades, pois falta empregos e há um inchaço nas metrópoles com pessoas que procuram novas oportunidades e dificilmente conseguem”, afirma.

Segundo ele, a situação alarmante “é visível nas ruas, a quantidade de pessoas procurando emprego, pedindo comida e morando nas ruas”.

“Eu não consigo imaginar quase 60% do Estado do Rio de Janeiro em fome e a gente não estar em um estado de emergência, com a população junta, unida, para combater a fome”, disse.

Segundo o levantamento, a situação não é diferente no restante do país. Os dados nacionais mostram que 58,7% da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau – leve, moderado ou grave (fome). O Brasil regrediu para um patamar equivalente ao da década de 1990.

A pesquisa foi feita entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em domicílios, em áreas urbanas e rurais do estado do Rio. A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), a mesma utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).