Cumprindo agenda em Belo Horizonte nesta segunda-feira (20), a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D’Ávila, concedeu entrevista à TV Assembleia Legislativa de Minas Gerais e defendeu a urgência de um projeto de desenvolvimento nacional, cujo objetivos são a retomada do crescimento, a geração de empregos e a reconstrução da produtiva brasileira.

“O processo eleitoral deve ser um debate de um novo projeto de desenvolvimento nacional, em que o Estado precisa recompor sua capacidade de investimento. Acreditamos [o PCdoB] que esse projeto passa por uma indústria moderna, pela chamada indústria 4.0, que pode garantir emprego de qualidade para o nosso povo e pode permitir que a nossa juventude fique no Brasil. Também defendemos uma reforma tributária de caráter progressivo, ou seja, cobrar menos impostos dos mais pobres e mais dos multimilionários brasileiros”

A pré-candidata também afirmou que é preciso combater a desigualdade social e de gênero no país. “Somos uma sociedade estruturada a partir do machismo, racismo e homofobia. Esses traços estruturam a desigualdade econômica brasileira. E nós só desenvolveremos como Nação, se tivermos um projeto que seja radicalmente nacional, democrático e feminista”, frisou.

Candidatura própria do PCdoB

Questionada sobre a decisão da candidatura própria do PCdoB, Manuela respondeu que o partido sempre foi um aliado fiel ao PT, mas o PCdoB e ela, compreende que após o episódio do golpe, que vem se consolidando com um ato continuado com as reformas ultraliberais e com o impedimento do ex-presidente Lula concorrer às eleições, marca o fim de um ciclo político. “E o PCdoB, como partido político, tem como obrigação transformar as eleições de 2018 num palco de disputa de saídas para a crise”.

Unidade da esquerda

“A unidade não é um conceito estático. Nós não achamos que podemos estar juntos só em torno de um único candidato. De forma esforçada, as Fundações do PCdoB, PT, PDT e Psol fizeram um programa mínimo para o Brasil. Então, estamos avançando na nossa unidade programática, mesmo com muitas candidaturas”, explicou a pré-candidata ao ser questionada sobre as múltiplas candidaturas da esquerda.

Manuela ressaltou que não é possível saber como será o cenário das eleições, mas afirmou que os partidos de esquerda precisam ter maturidade e uma relação respeitosa entre os candidatos, para estar juntos no segundo turno.

“A nossa estratégia tem que ser estar no segundo turno e vencer a quinta eleição consecutiva”.

Intervenção federal no Rio de Janeiro

Sobre o assunto, Manuela afirmou que a intervenção federal na Segurança do Estado do Rio de Janeiro não construiu soluções. “Precisamos combater globalmente saídas para a segurança pública do Brasil, que não podem ser improvisadas”.

A pré-candidata também falou sobre o assassinato da vereadora (Psol) Marielle Franco, na última quarta-feira (14), no Rio de Janeiro.

“O que eu acredito hoje diante das circunstancias e evidências que são dadas, é que mataram Marielle por ser uma militante que denunciava o Estado de exceção e por ela ser mulher, negra, lésbica e da favela”.

Para Manuela, esse episódio é um silenciamento simbólico, passando a ideia de que as mulheres precisam ter medo do que são. “Porque mesmo se Marielle que era visível, como a 5ª vereadora mais votada do Rio de Janeiro, se ela é executada o que dirá da trabalhadora e da mulher comum? (…) É uma execução que carrega significados e um deles é que existem barreiras que não se pode ultrapassar, se você ultrapassar, você pode ser executada”. Por fim, Manuela completou que é uma morte doloridíssima para a sociedade brasileira.

Ex-presidente Lula

Indagada sobre o impedimento do ex-presidente concorrer às eleições presidenciais deste ano, Manuela explicou que o golpe é um conjunto de medidas e um dos episódios é esse impedimento.

“Gosto de falar que nenhum brasileiro está acima da lei. Esta semana uma desembargadora difamou Marielle e não aconteceu nada, tem muita gente ainda acima da lei no Brasil. Mas, também não podemos permitir que nenhum brasileiro esteja abaixo da lei, julgar sem provas é fazer com que a pessoa esteja abaixo da lei brasileira”.