Em entrevista ao jornal O Dia, a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D’Ávila, criticou a ineficácia da intervenção federal na Segurança do Estado do Rio de Janeiro, que completou um mês na última sexta-feira (16). Para ela, a intervenção não traz as consequências imaginadas pela população, porque não dialoga com quem vive a violência de forma mais intensa. “[A intervenção] foi construída sem ouvir as comunidades e as pessoas que vivem nos territórios em disputa”, destacou.

Leia na íntegra a entrevista da pré-candidata Manuela D’Ávila:

O DIA: A senhora foi eleita deputada federal, ficou na Câmara por oito anos e, em 2014, decidiu migrar para a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Por que se candidatou a deputada estadual se tinha pretensão nacional?

Manuela D’Ávila : São momentos bem diferentes. Quando decidi voltar ao Rio Grande do Sul, tinha muita vontade de voltar a militar no meu estado. Saí muito cedo de lá. Também tinha vontade de engravidar. Além disso, entre 2014 e 2018 a gente tem simplesmente um golpe no meio. O Brasil se entrega a uma verdadeira quadrilha.

Como avalia os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em pleno regime de intervenção do governo Temer na Segurança do Rio?

Demonstra que a intervenção não traz as consequências imaginadas. Não dialoga com aqueles que vivem a violência de forma mais intensa. Foi construída sem ouvir as comunidades, as pessoas que vivem nos territórios em disputa. O episódio reforça a necessidade do banco de controle de armas, da corregedoria e da ouvidoria nacional das polícias. A população precisa ter confiança de que as denúncias serão investigadas de forma célere.

Como vislumbra um debate seu com Jair Bolsonaro (PSL-RJ)?

Debate? Para debater, tem que ter ideias. Nesse caso, vou ficar falando sozinha. É o meu dever enfrentar alguém que acha que as mulheres podem ser estupradas e receber menor salário. E ele não terá respostas para me dar que não sejam agressões. É só o que sabe fazer. Quero ouvi-lo sobre Segurança Pública. Presidente tem que pensar em política pública. Ao afirmar “vou armar todo mundo”, Bolsonaro está dizendo que não vai fazer nada.

Por que avalia que ele está bem cotado nas pesquisas?

A candidatura dele é construída a partir de memes na internet. O processo eleitoral ajudará a população a conhecê-lo.

O PCdoB participou dos governos Lula e Dilma. A senhora poderá retirar sua candidatura para apoiar o PT?

Nossa candidatura não tem relação com isso. Defendemos que Lula possa se candidatar porque é o justo, e não porque nos convém. Disputemos nas urnas. Lula e Dilma construíram mudanças importantes para o Brasil, mas sempre criticamos a política macroeconômica. Fizemos ‘Fora Meirelles’, ‘Fora Palocci’ e ‘Fora Levy’.