12 mil profissionais de enfermagem com coronavírus

Com a pandemia do coronavírus (Covid-19) cerca de 12.052 profissionais de enfermagem no
Brasil foram afastados. Ainda contam 98 mortes relacionadas à doença, sendo 25 enfermeiros,
53 técnicos de enfermagem e 18 auxiliares de enfermagem. Os números são do Comitê Gestor
de Crise do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) que lançou nesta semana o Observatório
da Enfermagem , para dar atualizações constantes sobre a evolução da Covid-19 entre os
enfermeiros.
De acordo com o Cofen, os 98 mortos entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem
representam o dobro do que se viu na Itália e Espanha que foi um dos grandes centros da
crise. O Comitê acusa a falta de cuidados com os profissionais.
Para efeito de comparação, os Estados Unidos, país com maior número vítimas da pandemia
(mais de 71.000), perdeu 46 profissionais de enfermagem, segundo entidades de classe.
A Itália, segunda nação mais afetada pela doença com mais de 29.000 vítimas, teve 35 óbitos,
de acordo com informações da Federazione Nazionale degli Ordini delle Professioni
Infermieristiche, entidade equivalente ao Cofen no país europeu.
A Espanha, que vem logo atrás com mais de 25.000 mortos, teve apenas quatro óbitos entre
profissionais da área, segundo o Consejo General de Enfermería. Os dois países europeus
tiveram o início da crise antes que o Brasil e já passaram do pico de casos.
Já a China somou 23 mortes até o final de abril.
90 mil infectados em todo o mundo
O Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) apontou, em documento publicado na última
quarta-feira (6), que ao menos 90 mil profissionais de enfermagem de todo o mundo estão
infectados com o novo coronavírus. Segundo o órgão, foram registradas 260 mortes por
coronavírus.
A entidade alerta que o número também está subnotificado pois muitos países não divulgam
as estatísticas e existem, por todo mundo, relatos de escassez contínua de equipamentos de
proteção.
Ou seja, somente o Brasil representa 13% do total de profissionais de enfermagem infectados
em todo o mundo. Com relação ao número de mortes, o total registrado no país representa
37% do total registrado pelo ICN.
“A cifra de infecções de profissionais de saúde aumentou de 23 mil para mais de 90 mil,
achamos, mas isto ainda é uma subestimativa porque não são (números de) todos os países do
mundo”, disse Howard Catton, presidente-executivo do ICN, à Reuters Television em seu
escritório.
A estimativa de 90 mil se baseia em informações coletadas por associações nacionais de
enfermeiros, cifras de governos e reportagens da mídia de 30 países. O ICN representa 130
associações nacionais e mais de 20 milhões de enfermeiros registrados.
Observando que 3,5 milhões de casos de Covid-19 foram relatados em todo o mundo, Catton
disse: “Se a taxa de infecção do profissional de saúde médio, que achamos ser de 6%, for
aplicada a isso, a cifra global pode ser de mais de 210 mil infecções de profissionais de saúde
hoje”.
Falta de EPI’s amplia o contágio
Os enfermeiros dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro são os mais atingidos pela doença.
Eles têm os maiores números tanto de mortes como de infecções.
As infecções acontecem por motivos como falta de equipamentos de proteção individual,
treinamento ruim e subdimensionamento de equipes, de acordo com o presidente do Cofen,
Manoel Neri.
“Esta situação gravíssima reflete a escassez de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs),
treinamento inadequado das equipes, profissionais de grupos de risco mantidos na linha de
frente do atendimento, subdimensionamento das equipes, dentre outros fatores. Não somos
máquinas”, afirma o presidente do Cofen, Manoel Neri.
O número de casos pode ser ainda maior, segundo Walkírio Almeida, coordenador do comitê
de gestão de crise da entidade.
Há um grande número de óbitos entre profissionais da saúde entre 31 e 40 anos, de acordo
com os dados da entidade. Foram 19 casos de profissionais dessa faixa etária que morreram.
A letalidade entre os enfermeiros mais velhos é a mais alta: foram 218 infectados e 19 mortos.
O Cofen entrou com ações na Justiça para tentar garantir o afastamento dos enfermeiros que
têm características de maior vulnerabilidade ao coronavírus e assegurar a realização de testes
nas equipes de enfermagem.
Em uma decisão liminar, o pedido foi reconhecido para os profissionais que atuam em
hospitais federais. Ainda tramitam ações semelhantes para instituições de saúde privadas,
estaduais e municipais.