Jandira Feghali: Independência? Que Independência?
Com quase meio milhão em déficit de moradias, mais de 1 milhão de desempregados, trabalhadores com dívidas crescentes, cenas cotidianas de guerra urbana e uma universidade estadual ameaçada, o Rio de Janeiro corajosamente resiste neste 7 de setembro.
Por Jandira Feghali*
Refém de um Governo Federal quadrilheiro e sem pudor e um governo estadual fracassado, a população de nosso estado viu a venda da Cedae ser autorizada, e outras contrapartidas inaceitáveis serem aprovadas por uma maioria na Assembleia Legislativa. Sem debate ou consulta popular, um dos maiores entes federativos do Brasil foi engessado sob real intervenção do atual Palácio do Planalto entreguista.
Na Esplanada dos Ministérios, cercada por seguranças fortemente armados e com o tradicional Desfile da Independência ao custo de quase R$ 1 milhão para os cofres públicos, o presidente Michel Temer chafurda em sua própria lama. Rodeado de denúncias e homens de confiança presos com provas claras de corrupção, o mandatário golpista não tem o que comemorar. Um Estado em processo acelerado de desmonte, com empresas públicas estratégicas no balcão de negócios e uma Amazônia para pilhar, colocamos nossa independência em liquidação.
O Brasil de hoje é uma nação do retrovisor, com o litro da gasolina batendo os R$ 4,20, energia mais cara, desemprego em alta, falta de oportunidades, concursos públicos congelados, servidores sem reajuste ou dispensados, asfixia do desenvolvimento científico e tecnológico, além de saúde e educação públicas sucateadas. Exemplo disso é o documento editado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com orientação de “rever a oferta de ensino superior pelo Rio”. Uma piada! Ameaçam a soberania do país e a capacitação técnica e intelectual de gerações sem o menor escrúpulo ou respeito.
Dom Pedro I ficaria chocado com tamanha canalhice.
Em resposta a isso tudo, o Grito dos Excluídos, uma marcha formada por diferentes setores da sociedade, além de sindicatos, entidades trabalhistas e frentes democráticas, ocuparão também no feriado diferentes cidades para protestar contra este cenário. A contestação virá em clamor popular, nas ruas, reivindicando a saída de Temer e novas eleições. Não há soberania ou democracia que resista a um projeto em vigor sem o sufrágio universal.
A História às vezes é um carrossel de retrocessos e avanços. Após mais de uma década de crescimento econômico e empoderamento perante o mundo nos governos Lula e Dilma, o Brasil agora definha numa política velha, arcaica e elitista. Não há independência com Temer no poder. Não há esperança de um futuro promissor com esta quadrilha ditando os rumos do país, em que um ex-ministro do núcleo palaciano de Temer é pego guardando R$ 51 milhões em dinheiro vivo, dentro de malas, num apartamento clandestino. E pior, com parte da grande mídia tentando proteger os verdadeiros criminosos que representam as podres elites brasileiras, selecionado fatos, manipulando manchetes, distorcendo realidades.
No mais, bem vindo ao neocolonialismo de 2017.
Sobre a independência, bom, que independência?