A renúncia, na última segunda-feira, do primeiro-ministro do Timor Leste, Mari Alkatiri foi mais um lamentável capítulo da crise política que há meses se abate sobre a jovem nação, integrante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Mari Alkatiri também é secretário-geral da Fretilin (Frente Revolucionária pela Independência do Timor Leste), histórico movimento de libertação nacional e teve como marca de sua gestão a frente do governo timorense um conjunto de medidas progressistas e de preservação da soberania do país.

Timor Leste, localizado no sudeste asiático, com território de 18 mil km² que ocupa a parte oriental da ilha de Timor, e possui cerca de 800 mil habitantes. Tem um dos dez menores PIB’s do mundo, a despeito de suas riquezas, em particular no mar do Timor. É independente desde 2002, após seu povo travar heróica luta por sua soberania.

A crise atual teve início com a rebelião de um setor do Exército timorense, politicamente ligado aos antigos ocupantes indonésios e treinado militarmente na Austrália, alegando como pretexto reivindicações salariais e outras questões corporativas – na verdade uma tentativa de golpe de Estado, denunciada por Alkatiri como a busca de dividir o país por parte de “estrangeiros e gente de fora”.

Nesse sentido, é preocupante e deve ser denunciada aos povos do mundo o lamentável papel da Austrália, que como candidata a potencia imperialista regional e “nova metrópole” do Timor, busca ingerir na vida política interna e na soberania do país. Muitos analistas independentes e patriotas timorenses denunciam, que por trás das “preocupações” australianas com o país estão fortes interesses econômicos sobre as inexploradas reservas de gás e petróleo nas águas profundas do mar de Timor Leste. Assim, ao manifestar pretensões de cunho imperialista sobre o Timor Leste, tentando tutelar o governo do país, a Austrália cumpre um sinistro papel na região, no mesmo estilo de Bush e do unilateralismo estadunidense.

O PCdoB manifesta sua solidariedade a Mari Alkatiri, a Fretilin e ao povo irmão do Timor Leste, e defende que a saída da atual crise deve corresponder única e exclusivamente aos timorenses, não cabendo qualquer interferência externa.

O papel da comunidade internacional é sim, o de reforçar a cooperação internacional e o financiamento incondicional, principalmente por parte dos países ricos e dos organismos multilaterais, ao Timor Leste, visando o desenvolvimento institucional, econômico e social do país. É uma obrigação dos povos do mundo após décadas de massacres e violações, que dizimaram um quarto da população do país, num dos maiores genocídios da história.

Brasília, 28 de junho de 2006.
A Comissão Política Nacional do Comitê Central do PCdoB