Nos últimos dias, tendo como móvel o escândalo Waldomiro Diniz e a pretexto de defender a ética, a oposição conservadora intensificou seu ataque político ao governo Lula. Esta ação corrosiva se realiza por intermédio de uma hipócrita campanha moralista cujo verdadeiro intento é imobilizar e desestabilizar o governo.

Tão logo surgiram as denúncias contra o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, o governo demitiu o acusado e determinou à Polícia Federal a abertura de inquérito policial para rigorosa apuração dos fatos. O ministro Aldo Rebelo, da Coordenação Política e Assuntos Institucionais, ainda instituiu uma comissão para rastrear possíveis atos ilícitos de Waldomiro quando do exercício de suas funções. Por outro lado, tanto a Procuradoria-Geral da União quanto o Ministério Público Federal, no exercício de todas as suas prerrogativas, já estão livremente investigando o episódio.

Esta pronta reação do Palácio do Planalto em face de um fato grave desmascara a manobra oposicionista de manipular o episódio e fomentar uma crise de governo. Como ficou claro, a Presidência da República prontamente agiu e continua a agir em defesa da lisura, do combate à corrupção e da punição dos responsáveis.

A manipulação do bloco oposicionista fica patente na proposta de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). No geral não se nega o papel deste instrumento para o Congresso Nacional cumprir seu papel e suas tarefas. Contudo, no caso em exame, o objetivo não é apurar a denúncia nem elucidar responsabilidades. A oposição, de modo irresponsável e antipatriótico, pretende com este expediente arrastar o país para a instabilidade, imobilizando o governo numa investigação redundante e sem fim. Nesse contexto, o Partido Comunista do Brasil a ela se opõe e alerta as forças democráticas para os prejuízos que tal CPI causaria aos interesses do país.

Ao buscar debilitar e desestabilizar o governo, a oposição procura atingir o seu núcleo de comando político. Por isso, os alvos privilegiados são as lideranças que têm se destacado no grande esforço de tornar realidade o compromisso do presidente Lula de mudar o Brasil. Em virtude disso é que se explica o ataque cerrado ao Ministro-Chefe da Casa Civil, José Dirceu.

Justamente, pelo destacado papel de Dirceu no sentido de o governo sagrar-se vitorioso com a implementação de um novo modelo desenvolvimento, com geração de emprego e distribuição de renda, é que, ardilosamente, lideranças do campo neoliberal e veículos de comunicação a seu serviço estão a exigir o seu afastamento da Casa Civil. Trata-se de uma proposta descabida cujo objetivo é desmantelar o comando político do governo; dele se excluindo, precisamente, uma liderança leal ao presidente Lula e ao programa de mudança.

É necessário destacar, quando proliferam tantos arautos da moralidade, quando várias personalidades do PSDB e PFL, agora, apresentam-se como guardiães da ética, que a nação não se esqueceu da lista interminável de escândalos de corrupção que maculam os dois governos de FHC.

O acirramento da luta política no país e a agressividade com que passou a atuar a oposição têm motivações, todavia, que vão além do chamado escândalo Waldomiro Diniz. A posse do governo Lula desalojou do poder forças políticas que, ao longo dos anos 90, a década neoliberal, beneficiaram-se com ganhos fabulosos – ganhos estes que, a todo custo, buscam manter. Logo após a derrota de 2002 ficaram por alguns meses se refazendo do fracasso.

Hoje, já refeitas, reaglutinaram-se e, por representar os interesses de poderosos setores financeiros e econômicos do país e do exterior, têm razoável poder de fogo. Por isso é um erro grave subestimá-las ou se intimidar ante sua investida.

Essa oposição tem uma única obsessão: o fracasso do governo. Dessa maneira, a ela é uma temeridade constatar que ele continua a representar, para amplas camadas da nação, a esperança de um Brasil soberano, democrático e socialmente justo.

Este diagnóstico se torna ainda mais aterrorizante aos que tudo fazem pela derrota do governo quando se apresenta a possibilidade de uma vitória das forças lideradas pelo presidente Lula nas eleições de outubro próximo. No período anterior, o conservadorismo neoliberal não vacilou em usar as armas mais sujas para se manter no poder. Agora as utiliza para tentar obter um resultado satisfatório em 2004 e tentar a ele retornar em 2006.

Pelo exposto, o Partido Comunista do Brasil, por ter a convicção de que o governo Lula, apesar de dilemas e dificuldades, é a grande esperança da nação para o país conhecer uma nova e promissora etapa de sua história e por entender que a Presidência da República resolutamente adotou as medidas cabíveis para esclarecer e punir os implicados no já citado escândalo, rechaça este ataque da oposição conservadora para desestabilizar e imobilizar o governo. E conclama as forças políticas e sociais comprometidas com o êxito do governo a empreender sua defesa e impulsioná-lo a realizar as mudanças.

São Paulo, 20 de fevereiro de 2004.

O Secretariado Nacional