PCdoB presta solidariedade à Fretilin e ao povo do Timor Leste
A crise institucional em curso no Timor Leste, que resultou na substituição do primeiro-ministro Mari Alkatiri, afigura-se como um golpe político contra as forças avançadas do país, nomeadamente a Fretilin – Frente Revolucionária pela Independência do Timor Leste, histórico movimento de libertação nacional que dirigiu o povo do distante país do sudeste asiático, membro da CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa, na conquista da sua independência nacional contra os ocupantes indonésios. Os episódios em curso constituem grave ameaça à consolidação do Timor Leste como nação independente.
A crise atual teve início com a rebelião de um setor do Exército timorense politicamente ligado aos antigos ocupantes indonésios e treinado militarmente na Austrália. O pretexto foram reivindicações salariais e outras de natureza corporativista. Na verdade, o movimento constituiu uma tentativa de golpe de estado e por pouco não resultou numa guerra civil. Como disse Mari Alkatiri, o movimento, ligado a forças estrangeiras, visava a dividir o país.
Em toda a crise timorense, merece condenação por parte das forças progressistas o papel da Austrália, que como pretendente a potência regional e "nova metrópole" do Timor, busca interferir na vida política interna e atenta contra a soberania do país. Os patriotas timorenses denunciam que por trás das "preocupações" australianas com a "estabilidade da região" estão fortes interesses econômicos sobre as inexploradas reservas de gás e petróleo nas águas profundas do mar do Timor Leste. Ao manifestar suas ambições de cunho hegemonista e neocolonialista sobre o Timor Leste tentando tutelar o governo do país, a Austrália cumpre um papel reacionário na região.
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) manifesta sua solidariedade à Fretilin e ao povo irmão do Timor Leste e defende que a saída da atual crise deve corresponder única e exclusivamente aos timorenses, não cabendo qualquer ingerência externa. O papel das Nações Unidas na questão do Timor Leste deve ser o de reforçar a cooperação internacional e de ajudar na consolidação do novo Estado nacional independente. É o que corresponde aos nobres sentimentos de solidariedade dos povos do mundo para com o povo timorense, após décadas de massacres e violações que dizimaram uma quarta parte da população do país.
São Paulo, 03 de julho de 2006
O Secretariado do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil