Ao completar 81 anos de existência contínua, neste 25 de março, o Partido Comunista do Brasil encontra-se no início de uma nova fase. Foi um dos arquitetos da vitória de Luís Inácio Lula da Silva à Presidência da República, em 2002, e é uma força política nacional em expansão e crescimento. Seus candidatos e sua legenda obtiveram a quantia expressiva de quase 10 milhões de votos. Pela primeira vez na história, os comunistas fazem parte do primeiro escalão do governo federal, ocupando um ministério e a liderança do governo na Câmara Federal.

É uma situação nova e auspiciosa num quadro nacional e mundial contraditório, marcado pela esperança de mudança que a eleição de 2002 consagrou e também pela gravidade da supremacia imperialista norte-americana, que quebra a legalidade internacional, avilta organizações multilaterais como a ONU e promove, com a agressão ao Iraque, uma escalada guerreira que ameaça povos e nações. No âmbito nacional, a eleição de Lula renova a exigência de mudança de rumo para o país e a construção de um novo modelo, nacional e desenvolvimentista. O Partido Comunista do Brasil tem uma longa trajetória marcada pela exigência de políticas econômicas voltadas para a defesa dos trabalhadores e da nação, de sua soberania, do atendimento das necessidades de sua economia e em prol do bem-estar de sua população.

Expressão organizada da vanguarda do proletariado brasileiro, o Partido Comunista do Brasil dirigiu importantes lutas dos trabalhadores da cidade e do campo, dos estudantes e da juventude. Teve participação ativa no combate à desigualdade e opressão de gênero e de raça.

É uma larga tradição cujas primeiras manifestações se deram já nos anos iniciais da formação do Partido, na década de 1920. Teve um momento de grande expressão na década de 1950, na campanha "O petróleo é nosso". Tradição essa continuada durante os anos 90, na luta contra o neoliberalismo, as privatizações de empresas estatais e a política de subordinação do país às imposições do imperialismo.

Outro aspecto fundamental no sentido de um novo rumo, também presente na tradição comunista, é a defesa da mais ampla democracia e dos direitos públicos e civis. A maior parte da história destes 81 anos ocorreu sob regimes ditatoriais ou de democracia restritiva, durante a qual o Partido foi impedido de organizar-se legalmente, de propagar suas idéias e concorrer a eleições.

O Partido lutou contra essa situação, tornando-se campeão da liberdade e da democracia. Enfrentou as ditaduras do Estado Novo, de 1937 a 1945, e o regime militar de 1964 a 1985, pagando com a vida de militantes heróicos pela ousadia de lutar pela liberdade.

Os comunistas também participam ativamente da luta pela paz e contra a agressão imperialista de George W. Bush aos povos. Não é uma situação nova para os comunistas, cuja ação sempre se caracterizou pelo repúdio a agressões dessa natureza.

O Partido Comunista do Brasil foi força destacada, nas décadas de 1930 e 1940, contra o nazi-fascismo, mobilizando os brasileiros a participarem no esforço armado para derrotar Hitler e Mussolini. Na década de 1950, promoveu no Brasil a luta pela paz, repercutindo a ação progressista e avançada internacional. Foi voz ativa contra a agressão imperialista à Coréia, naqueles anos. Na década de 1970, mesmo sob as duras condições da clandestinidade, combateu a agressão norte-americana ao Vietnã; mais recentemente, no começo dos anos 90, denunciou a agressão ao Iraque e ao povo palestino.

Apesar das contradições do quadro atual, o Partido Comunista do Brasil apresenta-se à sociedade brasileira propondo as mudanças necessárias para levar o país a um novo rumo. Nas lutas de hoje, reafirma a perspectiva da conquista do socialismo. Defende o marxismo-leninismo e, partindo dele, interpreta a realidade brasileira de forma criadora; constituindo, dessa forma, um corpo de dirigentes e militantes formados à base da ciência social mais avançada. Compreende o papel central da mobilização dos trabalhadores e do povo para apoiar o governo Lula e impulsioná-lo a realizar as mudanças que a sociedade brasileira almeja, sintetizadas pela demanda de Paz, Desenvolvimento e Trabalho. Essa mobilização manifesta também o inconformismo dos brasileiros contra a guerra imperialista e a agressividade hegemonista do imperialismo norte-americano. Nesta conjuntura, o Partido Comunista do Brasil apresenta-se como a força capaz de contribuir com esse processo e, nele, assumir plenamente as responsabilidades históricas que lhe cabe.

São Paulo, 23 de março de 2003.
Comitê Central do Partido Comunista do Brasil