A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleeza Rice, em seu giro no Líbano e em Israel ontem e hoje anunciou a posição do imperialismo norte-americano sobre o agravamento da crise no Oriente Médio. Disse o que o mundo inteiro sabe – que seu país apóia irrestritamente os ataques israelenses ao Líbano e tem plena identidade de propósitos e de métodos com os sionistas.

O imperialismo norte-americano está formulando, juntamente com outros alquimistas da novíssima ordem mundial que pretendem impor às nações e povos, o que denominam de “solução duradoura” para a crise do Oriente Médio. Farão amanhã na capital italiana um ensaio durante a chamada Conferência de Roma, que reúne o Grupo do Líbano: França, Reino Unido, Itália, União Européia, Estados Unidos, Egito e o Banco Mundial. O governo libanês anunciou que não irá caso Israel seja convidado. E que se for defenderá o cessar-fogo imediato.

A “solução duradoura” proposta pelos Estados Unidos faz parte do “plano de reestruturação do Oriente Médio”, prioridade da Administração Bush, a ser alcançada mediante suas guerras preventivas, ataques à soberania nacional dos países árabes e violação do direito internacional.

A secretária de Bush já adiantou que recusa a proposta de cessar-fogo imediato. Este posicionamento corresponde a uma carta-branca para que Israel continue bombardeando e até ocupe o sul do Líbano. Propõe a criação de uma força militar multinacional, sob responsabilidade da OTAN e respaldo legal em alguma resolução do Conselho de Segurança da ONU. Na falta de condições para assinar algum novo documento, propõe a “plena aplicação da Resolução 1559”, de setembro de 2004, que determina a extinção de todas as milícias no sul do Líbano. Washington quer, assim, dar ares de legalidade e de ação “multilateralista” à luta de Israel para exterminar o Hezbollah.

A todos os títulos, as propostas da senhorita Rice são inaceitáveis. Nas condições atuais, uma força multinacional será uma força de intervenção e significará a perda da soberania nacional do Líbano. O preço da aplicação das propostas estadunidenses é o derramamento de rios de sangue dos povos palestino e libanês, a destruição do Líbano e a inviabilização do Estado Palestino.

A solução da crise atual tem um único ponto de partida – a cessação dos bombardeios de Israel contra o Líbano. Assim como a solução duradoura passa pela desocupação por Israel de todos os territórios árabes e palestinos (a respeito do que a comunidade internacional deveria exigir o cumprimento de antigas resoluções da ONU), o reconhecimento do povo palestino a seu Estado nacional independente e o respeito à soberania nacional de todos os países vizinhos.

Há uma fórmula bem simples de acabar com o terrorismo, a instabilidade, a crise no Oriente Médio e as guerras: cessar o terrorismo de Estado do imperialismo norte-americano e de seus aliados israelenses e terminar as guerras preventivas da Admnistração Bush.

São Paulo, 25 de julho de 2006
Nota do Secretário Nacional de Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho