Nota sobre as bases militares dos EUA na Colômbia
A decisão de Álvaro Uribe de assinar acordo concedendo cinco novas bases militares aos Estados Unidos é uma grave ameaça à América do Sul, praticada por um governo que novamente se presta ao serviço de peão do imperialismo na região, em contradição com a tendência contrária, de corte progressista e antiimperialista que avança no subcontinente. Este é o teor da nota publicada a seguir, assinada por Renato Rabelo, presidente do PCdoB, e José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais.
A decisão dos Estados Unidos e da Colômbia volta a causar instabilidade na América do Sul, a exemplo do que ocorreu no ano passado, quando a violação feita pela Colômbia do território equatoriano já havia sido objeto de rechaço unânime dos países da América Latina.
Cai a mascara do famigerado Plano Colômbia. Após a falsa propaganda de “combate ao narcotráfico” no período Bush, sob Obama, se explicita seu objetivo real: criar uma ponta-de-lança, uma cabeça de ponte para favorecer a concretização dos intentos agressivos do imperialismo estadunidense contra os países soberanos da América Latina. Além disto, tem a função, no histórico de intervenções do imperialismo estadunidense na região, de ser ponto de apoio para novas investidas militares estratégicas, como são as mais de oitocentas bases militares norte-americanas ao redor do mundo.
Nos últimos anos, o imperialismo norte-americano perdeu terreno na América do Sul. Sua mais recente investida, a tentativa de instalar uma base militar na localidade de Mariscal Estigaríbia, no Paraguai, foi frustrada com a eleição do presidente Fernando Lugo. Forças militares do imperialismo que “assessoravam” as Forças Armadas bolivianas, foram obrigadas a se retirar do país com o advento do governo de Evo Morales. Mais recentemente, a Assembléia Nacional Constituinte do Equador determinou a proibição de bases militares estrangeiras no país.
Entretanto, os EUA seguem buscando incrementar sua presença militar na América do Sul. Além de robustecer a presença militar na Colômbia, mantém bases aéreas ligadas ao Comando Sul (SouthCom) na Amazônia peruana e trabalha por efetivar bases nas Guianas. Em meados do ano passado foi relançada a 4ª Frota da Marinha de Guerra dos Estados Unidos, integrada por belonaves a propulsão nuclear e que são ao mesmo tempo plataformas de lançamento de mísseis com ogivas nucleares.
As novas bases norte-americanas na América Latina junto com a criação da Quarta Frota Naval, põem em xeque o discurso de cooperação de Obama na Cúpula das Américas e andam juntas com a reação direitista em Honduras que resultou na cassação do presidente Manuel Zelaya. De conjunto, são reações ao ascenso de uma tendência progressista na região.
Apoiamos a reação do presidente Lula – que relacionou o ato à criação da Quarta Frota – e do Itamaraty diante das novas bases norte-americanas às portas da Amazônia brasileira, naquilo que representa uma ameaça direta a nossa soberania nacional.
Pela imprensa, Álvaro Uribe anuncia que virá se explicar numa viagem pelos países da América do Sul, ao mesmo tempo em que declara recusar-se a participar da reunião da Unasul e do Conselho Sul-americano de Defesa (CSD), convocada pelos presidentes Lula e Bachelet para discutir o assunto, na próxima segunda-feira, 10 de agosto, por ocasião da investidura do Equador na presidência de turno da Unasul. O presidente colombiano não tem nada que explicar, a não ser a seu próprio povo por crime de traição nacional ao país e deve recuar imediatamente de seus intentos.
Defendemos a posição dos povos latino-americanos, hoje compartilhada por muitos governos na região, de que a América do Sul deve continuar sendo uma zona de paz no mundo.
São Paulo, 4 de agosto de 2009
Renato Rabelo, presidente nacional
José Reinaldo Carvalho, secretário de RI