1) O Partido Comunista do Brasil reafirma sua solidariedade ao presidente boliviano Evo Morales, ao Movimento ao Socialismo, ao Partido Comunista Boliviano e às demais forças democráticas daquele país, diante da escalada golpista, racista e secessionista das forças de direita.

2) Há pouco mais de um mês – naquilo que foi uma vitória inconteste de seu projeto de mudanças –, o presidente Evo Morales submeteu-se a um referendo no qual mais de 2/3 (67,41%) dos bolivianos votaram pela ratificação de seu mandato – diante de 53,3% que o elegeram em dezembro de 2005. Sua votação, comparativamente à alcançada há 30 meses, cresceu em oito dos nove departamentos do país. Mesmo em departamentos supostamente oposicionistas, como o de Santa Cruz, Morales obteve apoio popular superior a 40% dos votos. Dois governadores oposicionistas foram revogados nas urnas.

3) Vitorioso, Evo Morales chamou os bolivianos à unidade, propondo, de forma inédita e num claro sinal de distensão, juntar a nova proposta de Constituição com aspectos dos estatutos autonômicos propostos nos departamento oposicionistas.

4) A oposição não apenas recusou o convite ao diálogo como optou pela radicalização e pelo enfrentamento, numa atitude ilegal e golpista, ignorando o voto popular. Através da contratação de delinqüentes, formou milícias paramilitares, bloqueou estradas e postos de fronteira, ocupou e depredou prédios públicos, agrediu e intimidou pobres, camponeses e indígenas. Sabotou meios econômicos fundamentais do país, como refinarias e gasodutos. A ação golpista chegou ao ponto de atacar uma manifestação de apoio ao presidente Evo Morales, assassinando 30 camponeses e deixando mais de uma centena de feridos, no "massacre de El Porvenir".

5) Diante do quadro dramático, de iminência de um golpe de Estado, destacam-se as iniciativas tomadas pelo governo Evo para defender o país e seu governo democrático: a expulsão do embaixador norte-americano, a decretação do estado de sitio em Pando e a prisão do governador. Ao mesmo tempo, destaca-se a iniciativa de entabular diálogo com a oposição.

6) Destacamos a importância do rechaço unânime dos países sul-americanos, reunidos em Santiago do Chile, no âmbito da Unasul (União Sul-americana de Nações) à ameaça de ruptura da ordem constitucional e da unidade territorial do país, bem como do apoio ao governo democrático e legítimo do presidente Evo Morales.

São Paulo, 16 de setembro de 2008
A Comissão Política Nacional do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil